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A Companhia Paranaense de Gás Natural (Compagas) vai garantir o fornecimento de gás para que a termelétrica UEG Araucária, entre em operação em setembro, em caráter emergencial. A empresa está finalizando a negociação de um contrato que deve ser firmado com a Copel, que detém 80% de participação na UEG.

A Copel nega que esteja tratando do fornecimento de gás para a UEG neste momento, mas ela tem apenas 20 dias para colocar a termelétrica em funcionamento se quiser atender a um pedido do Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão que faz a gestão da produção e distribuição de energia no Brasil. Há dois meses, o ONS pediu à companhia paranaense que acelerasse os procedimentos para a entrada da UEG no sistema elétrico em setembro. O objetivo é reduzir os riscos de falta de energia no Sul por conta da seca na região.

Atualmente, a Região Sul vem recebendo da Região Sudeste cerca de 70% da energia que consome, o que corresponde a uma potência de 5 mil MW médios. Essa é a estratégia usada pelo ONS para que o nível dos reservatórios no Sul não caiam abaixo de 30% da capacidade. Se a seca persistir, porém, o Sudeste terá mais dificuldade para manter o fornecimento.

Segundo a Compagas, é possível fornecer a quantidade máxima de gás que a UEG pode receber, ou 2,1 milhões de m3/dia. O volume representa mais que o dobro do que a empresa fornece a indústrias paranaenses e 8% de todo o gás importado pela Petrobras da Bolívia (26,3 milhões de m3/dia), origem do combustível para a termelétrica.

O contrato de fornecimento será de curto prazo, provavelmente com apenas três meses de duração. Isso porque a oferta de gás no mercado está muito apertada. A Petrobras usaria uma capacidade que está ociosa apenas porque outros clientes não estão demandando gás no momento.

A negociação do preço do gás tem sido motivo de diversas reuniões entre as companhias. Como o volume de fornecimento será muito maior do que para qualquer outro cliente e o governo federal solicitou a operação emergencial, fontes do mercado esperam que haja um grande desconto. O sócio da consultoria Gas Energy, Marco Aurélio Tavares, estima que o preço seja de cerca de R$ 0,60 o m3. O custo diário para operação à carga máxima, de 484 MW, ficaria perto de R$ 1,26 milhão.

Tavares lembra que, apesar de o contrato de importação com a Bolívia compreender 30 milhões de m3/dia, o país vizinho tem restrições para enviar um volume maior, devido a uma recente mudança no contrato de fornecimento à Argentina. "O ideal seria diminuir o consumo de gás na usina de Cuiabá e vender o excedente à Copel", diz.

O membro do programa de energias alternativas da ONU, José Cordeiro, diz concordar que o Brasil não tem todo o volume de gás requerido pela UEG. "O fornecimento só poderia ser garantido no longo prazo depois de novas descobertas", diz.

O acionamento da UEG, a partir do momento em que ela estiver apta para funcionar, dependerá de uma ordem do ONS. A energia termelétrica é mais cara que a hidrelétrica e, por isso, só fará sentido a entrada da UEG no sistema se a seca no Sul persistir após setembro, mês em que são esperadas chuvas mais freqüentes.

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