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Foz do Iguaçu – O mercado turístico de Foz do Iguaçu será obrigado a repensar sua estratégia para enfrentar a ousadia dos concorrentes argentinos de Puerto Iguazú. Lá, às margens do Rio Iguaçu, em plena fronteira com o Brasil, está sendo instalado um megaempreendimento hoteleiro com 24 construções, avaliado em US$ 150 milhões. O complexo vai inaugurar um novo conceito de hospedagem na região, voltado à interação entre turista e natureza. Oito empresas já confirmaram a participação no projeto, entre elas quatro redes internacionais.

Em sintonia com conceitos ecológicos, o complexo hoteleiro, iniciativa do governo do estado de Misiones, vizinho ao Paraná, está sendo erguido numa área de mata nativa com 600 hectares, situada próxima à Ponte da Fraternidade, fronteira de Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú, pertencente ao poder público. Serão construídos 10 hotéis de 4 e 5 estrelas e outros 14 no estilo cabana, voltados ao entretenimento e à contemplação da natureza. Campos de golfe e uma reserva indígena da tribo guarani também farão parte da área. A construção do primeiro hotel, da rede internacional Hilton, já começou e deve estar pronta até 2009.

Com a conclusão do complexo, o número de leitos hoteleiros oferecidos em Puerto Iguazú passará dos atuais 6 mil para cerca de 10 mil. A quantia não é uma ameaça a Foz do Iguaçu, que apesar de ter apenas duas redes de bandeira internacional, a Mercure e a Bristol, hoje garante 19 mil leitos e 35 hotéis de médio e grande porte. Entre eles estão o Hotel das Cataratas – único situado no interior do Parque Nacional do Iguaçu – e as redes nacionais Mabu e Bourbon.

No entanto, o aumento da oferta coloca em alerta o mercado da cidade e leva o empresariado local a planejar novas estratégias para atrair turistas – em especial os estrangeiros. Em 2005, eles representaram cerca de 59% do total de 1.084.239 visitantes da cidade, a maioria vindos da Argentina.

Inquietude

O presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Foz do Iguaçu (Sindhotéis), Luiz Rolim de Moura, diz que num primeiro momento o anúncio do empreendimento na cidade vizinha, situado a menos de cinco quilômetros de boa parte dos hotéis de luxo instalados em Foz do Iguaçu, causa inquietude. Isso porque boa parte dos turistas estrangeiros que chega à região entra no Brasil pela Argentina, e às vezes não cruza a fronteira devido aos constantes protestos que resultam no fechamento da Ponte da Fraternidade e à divulgação negativa da região na mídia.

Outro problema é que Foz do Iguaçu está em desvantagem por não receber vôos internacionais que levem o turista direto ao destino Cataratas, sem a necessidade de fazer escalas no Rio de Janeiro e São Paulo. A crise da Varig, empresa que fazia a ponte com o mercado internacional, está prejudicando a cidade e deve provocar reflexos no mercado a partir de novembro, período de chegada da maioria dos turistas internacionais.

Por outro lado, raciocina Moura, o empreendimento argentino vai agregar valor à região como um todo e beneficiar a promoção do destino. "O impacto é que vai trazer mais reforço ao produto Cataratas", diz Rolim.

Para o empresário e representante de Foz do Iguaçu no Conselho Nacional da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav), Felipe González, é preciso fazer uma avaliação séria do empreendimento porque os novos hotéis representam uma concorrência de fato e há um risco de que o fluxo de turistas estrangeiros fique mais concentrado no lado argentino. "Regionalmente vai fortalecer o destino, mas se considerarmos que são dois países com necessidades diferentes, Foz terá um tipo de oferta, e Puerto Iguazú, outra. Mas dentro dessa oferta, os argentinos terão bandeiras internacionais", ressalta.

Alerta

Na avaliação do gerente de Marketing e Vendas do Hotel Rafain Palace, Cândido Ferreira Neto, o setor turístico de Foz terá de se integrar mais e investir na promoção internacional para que haja uma "sacudida" no mercado e na iniciativa pública. Segundo ele, apesar de Foz ainda manter liderança na oferta de leitos, o empreendimento argentino é um alerta. "Serve como alerta porque temos que nos preparar mais", diz.

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