Hoje é dia de alta na Bolsa?(104 páginas, R$ 31,90), lançamento da editora Saraiva, tem um daqueles títulos irresistíveis. Qual é o investidor que não quer saber quando as ações vão subir?
Obviamente, o autor (Carlos de Carvalho Júnior, sócio da gestora de recursos Saga Capital), não chega a tanto. Mas ele apresenta vários padrões de comportamento para o índice Ibovespa, que podem ser interessantes e úteis para o investidor. O levantamento baseia-se em 40 anos de histórico do índice, constituído em janeiro de 1968. O efeito da inflação e das mudanças de moeda foi expurgado, de modo a manter uma série tão confiável quanto possível.
Surge da pesquisa um panorama da economia brasileira nas últimas, expressa pelos nomes das 322 empresas que fizeram parte do índice entre 1968 e abril do ano passado, quando o trabalho foi concluído. De Anderson Clayton a Vivo, de Açúcar União a White Martins, a diversidade econômica nacional e suas fases estão lá.
O livro também é rico em surpresas, a maioria delas reunida em um capítulo intitulado "Curiosidades". Lá é possível descobrir, por exemplo, qual foi o comportamento da Bovespa durante o mandato dos presidentes da República e como o índice se correlaciona com o Campeonato Brasileiro de Futebol. Assim, aprende-se que o São Paulo é pé quente (das seis vezes que ganhou o Brasileirão, em quatro a Bolsa fechou em alta) e que o Palmeiras não dá sorte (ganhou quatro vezes, bolsa em queda três vezes). Quando o Coritiba foi campeão, em 1985, o Ibovespa subiu; quando o Atlético ganhou, em 2001, ficou negativo. Uma pena que os dados não incluam a Segundona.
Essas são informações que tornam o livro agradável de folhear, embora não tenham uma aplicabilidade tão grande assim. Mais úteis são os padrões em relação ao comportamento do índice no dia a dia, que podem servir como referência para quem atua no mercado. Carvalho descobriu, por exemplo, que a rentabilidade média entre os dias 9 e 13 de cada mês é negativa (-0,36%), enquanto que de 14 a 8 do mês seguinte ela é positiva (2,63%). Janeiro é o mês em que, na média, a rentabilidade é maior, mas também tem um dos maiores índices de volatilidade (ligeiramente inferior a março). Os anos ímpares são mais propícios às altas do que os pares, e ano de eleição é bem mais arriscado do que os outros. Hoje é dia de alta na Bolsa? tem jeito de almanaque, e pode ser lido assim.
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