O levantamento divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu o efeito do fenômeno La Niña sobre a safra de grãos brasileira 2010/11, que impactava fortemente os relatórios desde outubro. O Paraná, um dos estados que mais correm risco de seca e clima irregular, ajuda a sustentar as novas previsões, com chuvas moderadas até o momento. A Conab prevê safra cheia, com colheita de 149,09 milhões de toneladas em âmbito nacional, mesma marca do ciclo anterior, e de 27,72 milhões de toneladas no Paraná, resultado 5,2% inferior ao de 2009/10.
"O efeito da falta de chuva tem sido menor que o previsto no Sul", afirma o técnico da Conab Eugênio Stefanelo. As principais regiões agrícolas do Paraná e do Rio Grande do Sul devem ser beneficiadas pela chuva novamente no próximo fim de semana. A partir daí, mais uma chuva será suficiente para que as lavouras cheguem sem quebra a 2011, observa Stefanelo. Para que a safra esteja salva, são necessários mais 60 dias de chuvas regulares, avalia o agrônomo Robson Mafioletti, assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Até o levantamento divulgado um mês atrás, a Conab trabalhava com intervalos de produção, prevendo que a colheita deveria ficar entre 146,26 milhões e 148,82 milhões de toneladas. Desta vez, a previsão foi exata, com um só número por área. Diante do clima favorável, foi mantida ou até elevada a previsão mais otimista de um mês atrás para 7 dos 16 estados produtores de soja e para 19 dos 27 estados que produzem milho. Nenhum dos estados ficou com número abaixo da previsão mínima divulgada em outubro.
A suposta queda de 18,9% na safra de milho do Rio Grande do Sul foi reduzida a um recuo de 11,5%. Para Goiás, em vez de -19%, passa a valer a variação de -7,5%. O Paraná deve recuar 21,4% na produção do cereal se houver queda de 4,7% na produtividade, para 7,32 mil quilos por hectare, diz a Conab. Na soja, as lavouras paranaenses ainda correm risco de render 4,2% a menos que em 2009/10 por hectare, ou 3.007 kg/ha, o que limitaria a produção a 13,87 milhões de toneladas.
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