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Veja qual é o perfil do investidor brasileiro |
Veja qual é o perfil do investidor brasileiro| Foto:

Contexto

O que é a API

Desde o início do ano, clientes bancários que pretendem investir em fundos que incluam títulos privados têm de responder um questionário antes de formalizar a aplicação. A fórmula é chamada Análise de Perfil do Investidor (API), e correlaciona a capacidade de correr risco com outros fatores, como o prazo de investimento e a idade do cliente.

O resultado da API, entretanto, não impede que o cliente coloque seu dinheiro no fundo que ele deseja. Se, por exemplo, o correntista for conservador e quiser aplicar em um fundo arrojado, ele pode. Apenas será alertado sobre isso e terá de assinar documentos confirmando sua opção.

Devagar, o sistema da API deve ganhar corpo. A Comissão de Valores Mobiliários, instituição federal que governa o mercado de capitais, quer que ela se torne obrigatória também para corretoras ainda este ano. E alguns bancos já começam a aplicar os questionários para aplicações em previdência privada e CDBs.

Seis em cada dez investidores brasileiros mantêm uma carteira inadequada para o seu perfil de investimento – e, desses seis, três arriscam mais do que seria indicado. É o que apontou uma pesquisa feita pelo Itaú Uni­banco com 300 mil pessoas. Em­­bora a amostra esteja limitada a clientes da instituição, pode ser que a realidade do mercado como um todo aponte ainda mais distorções. "Como o Itaú é bastante segmentado em perfil de clientes, pode acontecer de o nosso investidor estar mais adequado ao perfil do que a média da população em geral", opina Claudio Sanches, diretor da área de Produtos de Investimentos e Previdência do banco.

O levantamento foi baseado numa comparação das carteiras que os clientes possuem na instituição financeira com as respostas dadas por eles aos questionários de Análise de Perfil de Investidor (API). Os formulários de API se tornaram obrigatórios no início deste ano. Basicamente, eles tentam medir a capacidade e propensão da pessoa a correr riscos em sua gestão financeira. Eles são, então, enquadrados em uma das classificações padronizadas: conservadores, moderados, arrojados e agressivos (leia mais sobre a API no quadro acima) – a metodologia, entretanto, varia de um banco para outro.

A maioria dos investidores do país se enquadra no perfil conservador. Eles correspondem a 41% do universo pesquisado, enquanto que 26% são moderados, 28% arrojados e 5% agressivos. "A população brasileira de uma maneira geral é mais conservadora porque o país praticou durante muitos anos taxas de juros mais elevadas em função do cenário de inflação", diz Osvaldo Nascimento, diretor-executivo do Itaú Unibanco. "Na medida em que estamos evoluindo no cenário de estabilidade econômica, as pessoas estão em busca de conhecimento para diversificar seu portfolio de investimento."

Se, à primeira vista, isso significa que os investidores brasileiros são pouco propensos ao risco, a situação muda quando são avaliadas as carteiras. Do total de investidores, 29% carregam em suas carteiras mais riscos do que seria indicado para o seu perfil – ou seja, aplicam seu dinheiro em produtos financeiros com maior carga de risco, em especial os de renda variável. Já a proporção daqueles que correm menos risco é de 31%. São pessoas que se enquadram num perfil arrojado, por exemplo, mas investem apenas em aplicações conservadoras – caderneta de poupança e a maioria dos fundos de renda fixa, por exemplo.

No Paraná essa relação é ligeiramente diferente. Aqui, 39% dos investidores estão em conformidade com o perfil, 33% carregam mais risco e 29% têm menos risco. O Sul do Brasil foi a região onde a pesquisa encontrou maior diversificação de investimentos.

Renda variável

Segundo os responsáveis pela pesquisa, a tendência é que, no futuro, as aplicações se acomodem dentro do perfil correto. Mesmo assim, não chega a ser preocupante a constatação de que três em cada dez investidores carregam mais risco do que seria indicado. Isso porque foi levada em conta apenas a composição das carteiras aplicadas no Itaú Unibanco. No balanço geral do patrimônio do cliente, entretanto, pode ser que as coisas se encontrem mais equilibradas.

Para Claudio Sanches, a descoberta da renda variável é consequência da estabilização da economia. "Os brasileiros, de uma maneira geral, somente nos últimos anos passaram a dar mais atenção a investimentos em renda variável", diz. Isso aconteceu porque os juros pagos pelas aplicações de renda fixa declinaram, obrigando o cliente que busca uma remuneração maior a correr riscos adicionais. O resultado tem sido uma diversificação crescente dos investimentos.

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