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Apesar do estímulo da Copa do Mundo, o comércio varejista de móveis e eletrodomésticos cresceu menos no Paraná este ano que em anos anteriores. As empresas culpam a crise da agricultura, que sofre com a seca prolongada, quebra de safra, dólar desvalorizado e preços agrícolas internacionais baixos. O resultado é menos dinheiro circulando nos municípios mais dependentes da renda rural, o que desaquece o consumo. O desempenho mais fraco foi a deixa para a Casas Bahia fechar lojas que não deslancharam no Paraná, em Cascavel e Maringá. O mesmo problema é enfrentado por marcas estaduais, como Mercado Móveis e Gazin, mas elas não cogitam medidas tão radicais. As duas marcas têm juntas 67 lojas no estado e utilizam estratégias diferentes para se manterem. Enfrentando a crise, a marca líder no Paraná, a Dudony, está em outro extremo: afirma ter aumentado o faturamento em 80% com a abertura de 25 novas lojas.

No comércio varejista como um todo houve retração de 0,54% nas vendas do primeiro semestre no estado. Na comparação com junho do ano passado, as vendas do segmento cresceram 2,35%, abaixo da média nacional para o setor, de 3,10%, e bem inferior ao desempenho do mês em 2005 (25% ante 2004) e 2004 (36% ante 2003). O economista responsável pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Reinaldo Pereira, acredita que a retração tenha relação com o alto endividamento do consumidor.

A inadimplência é, de fato, um dos maiores problemas enfrentados pelas varejistas no interior do estado. É o caso da Gazin, varejista do ramo moveleiro de forte atuação nacional com sede em Douradina (região noroeste do estado). A empresa, eleita a melhor do ano para se trabalhar pela Revista Exame, teve queda de 30% no faturamento e aumento de 20% na inadimplência durante o primeiro semestre.

Ainda assim, a rede pretende manter o plano de abertura de novas lojas, concentrando-se em cidades em desenvolvimento, principalmente de base agrícola. No Paraná, a Gazin tem lojas em Goioerê, Iporã e Douradina, todas na região noroeste. "Mesmo com a crise, vamos esperar que a economia rural melhore no segundo semestre para decidir sobre fechamentos", diz o gerente Erivaldo Landmann. A Gazin diversificou a expansão, investindo em quatro estados: Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

O oeste e a região central do estado concentram metade das lojas da rede Mercado Móveis, com sede em Ponta Grossa. A outra metade fica entre Curitiba, litoral e Campos Gerais. A diversificação de praças em regiões distantes entre si foi a estratégia adotada durante outra crise, a de 1999. "O comércio paranaense quebrou e decidimos pulverizar as lojas. Em cada cidade, procuramos ser a primeira loja em eletroeletrônicos, móveis e informática. No máximo, a segunda", explica o superintendente Marcio Pauliki.

Ele comemora a decisão como ideal para enfrentar a crise atual. As lojas do interior tiveram no primeiro semestre queda de 10% no faturamento. Por outro lado, as da metade leste do estado conseguiram aumentar as vendas em 25%. Conclusão: saldo positivo e fôlego para manter lojas abertas.

Já a marca líder em móveis no interior, a Dudony, registrou alta de 50% no faturamento durante o primeiro semestre, devido a uma redução de pessoal e pesquisas de interesse junto ao público consumidor. De acordo com a rede, a estratégia para enfrentar a crise foi manter uma equipe enxuta e expandir para outras praças. A área escolhida foi o interior paulista, onde foram abertas seis unidades, além de outras 19 no Paraná. A rede chegou neste mês a uma centena de endereços. "Nosso plano é principalmente continuar acreditando no mercado paranaense", informou a diretoria por meio de nota.

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