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Sede da National Security Agency, em Maryland: número de funcionários da agência americana é confidencial, mas imagens mostram 18 mil vagas de estacionamento | NSA
Sede da National Security Agency, em Maryland: número de funcionários da agência americana é confidencial, mas imagens mostram 18 mil vagas de estacionamento| Foto: NSA

Justiça vê problemas em acordo sobre livros

As alterações promovidas pe­­lo Google e o Sindicato dos Au­­tores em um ambicioso plano para criar uma grande biblioteca online foram inadequadas porque não encerram as preocupações de direitos autorais e an­­titruste, afirmou o Departa­mento da Justiça dos Estados Unidos. O plano do Google para colocar milhões de livros online foi elogiado por expandir o acesso aos livros, mas tam­­bém criticado ferozmente devido a questões antitruste e de direitos autorais.

O acordo foi alterado no ano passado, depois que o Departa­men­­to da Justiça dos EUA recomendou a rejeição do texto original, mas ainda são necessárias novas mudanças, disse uma autoridade do Departa­men­­to da Justiça, na quinta-feira, co­­mentando sob a condição do ano­­nimato. "O progresso realizado foi substancial, mas em nossa opinião ainda não é suficiente", disse a fonte à Reuters.

Em petição judicial apresentada na quinta-feira, o departamento afirma que o acordo proposto pela empresa e pelo sindicato envolve potenciais problemas antitruste e de direitos autorais. A instituição divulgou também que havia usado o mecanismo dos processos judiciais coletivos para "implementar arranjos comerciais prospectivos", e não simplesmente para resolver uma disputa existente.

"Obras órfãs"

O departamento criticou o acordo por requerer que os escritores optem pela exclusão de seus livros do processo de digitalização, quando a lei de direitos autorais em geral requer aprovação prévia dos autores ao uso de suas obras. Também apontou que os representantes de classe no processo coletivo se pronunciaram indevidamente em nome de autores estrangeiros com livros publicados nos Estados Unidos, bem como pelos autores de "obras órfãs" – essencialmente detentores de direitos autorais que não podem ser identificados ou localizados.

O acesso exclusivo do Google a essas obras órfãs – garantido pelo acordo atual – "ainda não foi resolvido, o que produz resultado abaixo do ideal, do ponto de vista da concorrência", afirmou o departamento.

Preços

O mecanismo de formação de preços também recebeu críticas do ponto de vista das responsabilidades antitruste do departamento. O juiz federal de primeira instância Denny Chin marcou audiência sobre o acordo para 18 de fevereiro.

Reuters

  • O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e o presidente do conselho do Google: Eric Schmidt: empresa busca apoio político para combater os ataques contra suas bases de dados

O Google procurou Agência Na­­cional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), em busca de as­­sistência técnica para aprender mais sobre os hackers que quebraram a segrurança da empresa no ano passado. A informação foi dada por uma pessoa que participou diretae do acordo. A cooperação entre o Google, maior empresa de buscas do mun­­­do, e a agência do governo americano responsável pela vigilância eletrônica levanta questões a respeito de assuntos ligados às liberdades civis e também dú­­vidas a respeito do quanto o Google sabia sobre roubos quando declarou que poderia encerrar suas operações na China, em ja­­neiro. Segundo a empresa, os ataques teria sido originados naquele país.A NSA não tem autoridade para investigar atos criminais dentro do país, diferentemente do Departamento de Segurança Interna. Ao buscar apoio da agência, a empresa está claramente evitando ter seu mecanismo de busca, e-mail e outros serviços web regulados pelo governo co­­mo parte da "infraestrutura crítica" da nação. O governo dos Esta­dos Unidos tem se preocupado crescentemente com a vulnerabilade a ataques cibernéticos dos sistemas de distribuição de água e energia e das redes de comunicações e do sistema financeiro. Em 12 janeiro, o Google anunciou em um website corporativo uma nova política para a China, declarando que os ataques eram "altamente sofisticados" e vieram da China. Naquele momento a empresa deu poucos detalhes dos ataques, além de afirmar duas coisas:

- um roubo de sua propriedade intelectual havia ocorrido;

- o objetivo principal dos hackers era ganhar acesso às contas de ativistas de direitos humanos chineses no Gmail.

Com seus contatos com a NSA, que tem uma tremenda capacidade de monitorar o tráfego global de informações na internet, a com­­panhia espera obter mais informações sobre a identidade dos atacantes. Um grupo de consultores de segurança que trabalharam em empresas que sofreram ataques similares afirmou que o sistema de segurança foi controlado por uma sére de computadores baseados em Taiwan. Até agora não ficou claro como o Gogle determinou que os ataques fo­­ram originados na China.

Uma porta-voz disse que a empresa não comentaria nada mais no caso, além daquilo que foi divulgado no mês passado. Na NSA, uma porta-voz disse que a agên­­cia "não pode tecer comentários sobre relações especídicas que podemos ou não ter com companhias americanas". Mas acrescentou que a NSA trabalhou com "uma ampla gama de parceiros comerciais para assegurar a segurança de sistemas de informação.

A responsabilidade da agência de garantir o funcionamento das redes de computador do governo é quase certamente uma outra razão para o Google tê-la procurado, segundo James A. Lewis, diretor do Centro de Estudos Estratégi­­cos e Internacionais. Lewis, em especialista em segurança de redes já trabalhou com o governo federal americano, observa que esse é o outro lado da NSA: o de um serviço de segurança que toma medidas defensivas. "Não é incomum as pessoas irem à NSA e dizer ‘por favor, dê uma olhada no meu código’", diz.

O acordo com o Google não permite que a agência tenha acesso a informações peretencentes a usuários dos serviços da empresa, mas reabre antigas questões so­­bre o papel da agência. "Google e NSA estão formalizando um acordo secreto que pode ter impacto na privacidade de milhões de usuários de serviços e produtos da empresa em todo o mundo", disse Marc Rotenberg, diretor executivo da Electronic Privacy Informa­tion Center (Centro de In­­forma­ções sobre Privaci­dade Eletrôni­ca), uma or­­ganização com se­­de em Washing­­ton. Na quinta-feira, o centro en­­trou com uma ação contra a NSA, pedindo a divulgação de informações so­­bre o papel da agên­­cia em dois documentos confidenciais emi­­tidos presidente George W. Bush em 2008, que tratavam da segurança de dados e da vigilância cibernética.

As preocupações com a cibersegurança cresceram grandemente nos últimos dois anos. Na terça-feira passada, o diretor na­­cional de inteligência, Dennis C. Blair, começou seu relatório anual ao Congresso afirmando que a ameaça de um ataque maciço às telecomunicações e a outras re­­des de computadores estava crescendo. Ele disse ainda que m grupo de inimigos cada vez mais sofisticado estava ameaçando severamente os frágeis sistemas da infraestrutura de co­­municações do país. "Ciberativi­da­­de maliciosa está ocorrendo em uma escala sem precedentes, com ação extraordinária", disse ele a um comitê do Congresso.

O tipo de relação que a NSA estabeleceu com o Google é conhecido como "acordo de pesquisa cooperativa e desenvolvimento", segundo uma fonte do The New York Times Esse tipo de acordo foi criado como parte de uma lei de 1986 (o Ato de Transferência de Tecno­­logia Federal) e é, essencialmente, um contrato escrito entre uma empresa privada e uma agência governamental, para que ambas trabalhem juntas em um projeto específico. Contratos como esse tinham a intenção de acelerar a venda de tecnologia desenvolvida pelo governo.

Além da NSA, o Google trabalhou com o FBI (a polícia federal americana) no inquérito sobre o ataque, mas a corporação não comentou publicamente nenhuma informação a respeito.

A NSA foi criada em 1952, a princípio para lidar com criptografia e transmissões em código, em especial pela coleta e análise de dados estrangeiros –ou seja, espionagem. Desde 2008 ela é também responsável pela proteção às comunicações do próprio governo americano. Dados obre a agência são secretos, mas fotos da sede da agência, em Fort Mead, estado de Maryland, mostram 18 mil vagas de estacionamento. A direção da NSA é um cargo confiado a militares, e normalmente cabe a um general de três estrelas ou a um vice-almirante.

Tradução: Franco Iacomini

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