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Encontro anual do setor reuniu 1,8 mil cooperados e executivos no Teatro Positivo, em Curitiba | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Encontro anual do setor reuniu 1,8 mil cooperados e executivos no Teatro Positivo, em Curitiba| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Perspectiva

Previsão é de crescimento menor em 2012

Os dirigentes das cooperativas do Paraná preveem que o crescimento do setor em 2012 será menor que o deste ano, mas acreditam que haverá expansão no faturamento. Apesar da queda nos preços internacionais das commodities agrícolas, verificada nos últimos três meses, a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) trabalha com projeção de que a arrecadação será 10% maior, mesmo índice informado pela Coamo, responsável por 18,7% da renda do setor.

"A produção agrícola chegou a um patamar que pode ser considerado estável em nosso estado, não vai aumentar muito. A renda das cooperativas depende muito dos preços e da agroindústria", disse o presidente da Coamo, José Araldo Galassini. Ele confia que as cotações internas não vão refletir, nos próximos meses, o movimento baixista registrado na Bolsa de Chicago: a saca de soja caiu de US$ 31 para US$ 25 (20%) na CBOT desde agosto. O setor precisa vencer também a ameaça de seca no verão relacionada ao fenômeno La Niña.

O faturamento do cooperativismo do Paraná pode atingir R$ 33 bilhões em 2012, escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional das Cooperativas. O slogan da campanha, que reconhece a importância do sistema cooperativista para o desenvolvimento social, será: "Cooperativas constroem um mundo melhor".

As 240 cooperativas do Paraná devem fechar 2011 com faturamento de R$ 30 bilhões, anunciaram ontem os representantes do setor, em encontro que reuniu em Curitiba 1,8 mil cooperados e, entre as autoridades, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. A expansão será de aproximadamente 14% – quatro vezes maior que a do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, cujas projeções vão de 3% e 3,5%.

"O volume das exportações aumentou e os preços em real se mantiveram altos. O mercado interno se mostrou aquecido e também ajudou", disse o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski. As exportações devem render R$ 2,2 bilhões ao cooperativismo do estado – 7,33% do faturamento anual e 34% a mais que em 2010.

O que tem feito a diferença são os investimentos em agroindústrias, disse o presidente da Coamo, Aroldo Galassini. Maior cooperativa agrícola da América Latina, a empresa deve faturar R$ 5,6 bilhões neste ano, R$ 1 bilhão a mais do que em 2010, quando a renda não atingiu o valor esperado e ficou em R$ 4,58 bilhões (4,3% acima de 2009).

"Estamos programando novos investimentos para os próximos três anos, que vão ampliar nossa capacidade de armazenagem e industrial", revelou. As cooperativas estão investindo perto de R$ 1,1 bilhão em 2011 e devem lançar aposta de peso similar no ano que vem, conforme a Ocepar, seguindo o movimento de verticalização verificado há três décadas.

O Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses não foi só de comemorações e projeções. O setor cobrou investimento de R$ 7 bilhões em infraestrutura no estado pelos governos estadual e federal. Só o Porto de Paranaguá espera R$ 2 bilhões. Faltam recursos também para rodovias, ferrovias e aeroportos, disse o presidente da Ocepar. Ele disse que as cooperativas pretendem ampliar sua participação na indústria de 42% para 50% até 2015.

A ampliação da renda das cooperativas ajuda a estruturar o mercado e reflete a elevação do faturamento também dos produtores. Henrique e Diva Ruthes, de Rio Negro, que acessam recursos da cooperativa Sicredi, contaram que, neste ano, faturaram R$ 0,50 por frango – 20 centavos a mais que o índice do ano passado. Eles entregaram 125 mil aves aos frigoríficos do setor, em cinco lotes. "Nos tornamos cooperados quando financiamos os aviários. Queremos quitar o financiamento até o ano que vem", disse o avicultor da Região Metropolitana de Curitiba.

As cooperativas que dividem parte de seus lucros com os cooperados devem iniciar uma série de assembleias nas próximas semanas. A expectativa é de ampliação dos repasses aos produtores proporcional ao crescimento do faturamento das empresas.

Empresas recorrem a novos arranjos

O Paraná inaugura arranjos que vêm sendo chamados de cooperativismo de segunda geração. São associações entre cooperativas para a exploração de um novo negócio. Neste ano, duas experiências foram confirmadas: o sistema de comercialização conjunta de leite montado por Batavo (Carambeí) e Castrolanda (Castro) e o frigorífico que vai receber aves da Copacol (Cafelândia) e da Coagru (Ubiratã).

No caso das cooperativas do leite, as duas empresas de origem holandesa optaram por trabalhar juntas ao invés de disputarem clientes. A união foi confirmada logo após a Batavo ter inaugurado sua unidade industrial, a Frísia, em setembro. Com uma indústria de dois anos, a Castrolanda avalia que a união representa economia.

"Vamos inaugurar o novo frigorítico com a Coagru no final do ano que vem", disse Valter Pitol, diretor-presidente da Copacol, primeira cooperativa do Paraná a investir na industrialização de frango. Ele prefere chamar a cooperativa Unitá, que vai administrar o abatedouro, de "parceria". A Copacol abate 330 mil aves ao dia. A nova indústria, quando em plena atividade, atingirá 320 mil abates ao dia (50% para a Copacol e 50% para a Coagru). No início das operações, será usada uma única marca (Copacol). O investimento conjunto é de R$ 260 milhões.

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