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Estatal poderá disputar o leilão como operadora

Antes habilitada como não operadora, a Copel ganhou o direito de disputar o leilão da ANP na condição de operadora. Assim, poderá fazer ofertas mesmo sem estar associada a uma empresa do setor de petróleo e gás. A mudança na qualificação técnica, solicitada pela estatal, foi aceita na semana passada pela comissão especial de licitação da agência.

Critério

A qualificação se baseia na experiência prévia da empresa interessada, ou de integrantes de seu quadro técnico, na exploração e produção de petróleo e gás. A Copel foi qualificada como operadora "C", o que indica que ela só pode operar blocos terrestres. Operadores de nível "B" podem trabalhar em terra e águas rasas. Empresas de nível "A", por sua vez, têm autorização para operar em qualquer terreno, inclusive águas ultraprofundas.

Selamento

Alguns especialistas acreditam que é possível extrair gás de xisto com segurança. Em entrevista à Gazeta do Povo meses atrás, o geólogo Colombo Tassinari disse que um processo correto de selamento dos poços pode reduzir o risco de vazamento de gás e contaminação.

Inscrita na 12.ª rodada de licitações de petróleo e gás do governo federal, a Copel desconsidera os riscos ambientais e socioeconômicos envolvidos na exploração do chamado "gás de xisto". É o que diz o consultor do setor elétrico Ivo Pugnaloni, que foi diretor de planejamento e distribuição da estatal durante o governo Requião.

INFOGRÁFICO: Veja a área que será leiloada pela a ANP

Na próxima semana, a Agência Nacional do Pe­­tró­leo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) vai licitar 240 blocos para a exploração de hidrocarbonetos, 14 deles na faixa oeste do Paraná. Entre as 21 empresas habilitadas para a disputa estão três paranaenses – Copel, Tradener e Tucumann Engenharia.

A ANP determinou que, mesmo que encontrem gás natural convencional, que fica armazenado nas chamadas rochas-reservatório, as vencedoras do leilão terão de perfurar mais fundo para verificar se há também combustível "não convencional" nas rochas geradoras. O risco está na controversa técnica usada para extrair esse gás. Conhecida como "fracking" ou fraturamento hidráulico, ela consiste na injeção, dentro de poços horizontais, de milhões de litros de água e substâncias químicas a alta pressão.

Em artigo escrito em parceria com Zuleica Nycz, ex-conselheira do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), Pugnaloni alerta para os efeitos colaterais do fracking, muito usado nos Estados Unidos e recentemente adotado na Argentina. Entre os impactos já constatados estão a contaminação do solo e da água pelos gases metano e propano, e até terremotos.

"Isso é exatamente o que vai acontecer num polígono formado pelas cidades de Pitanga, Paranavaí, Toledo e Cascavel. Só que aqui esse coquetel de venenos será injetado sob a pressão de 5 mil atmosferas bem próximo do Aquífero Guarani", afirmam Zuleica e Pugnaloni no texto, publicado na internet.

Segundo eles, a exploração de gás de xisto afetará a segurança dos grupos indígenas e das unidades de conservação, "ameaçando igualmente e de forma devastadora toda a nossa economia baseada nas atividades agroindustriais". "A direção e os funcionários de carreira da Copel têm uma grande responsabilidade diante de si em não permitir que a empresa entre nessa aventura sem maiores e conclusivos estudos", afirmam.

Outro lado

Procurada, a Copel não comentou o artigo de Ivo Pugnaloni e Zuleica Nycz. A ANP informou em nota que "todas as precauções estão sendo tomadas para que a exploração do gás não convencional, caso venha a ocorrer, seja feita de acordo com as melhores práticas da indústria mundial e com respeito ao meio ambiente". A agência realizou ontem uma audiência pública sobre o assunto, no Rio de Janeiro. Durante a consulta feita via internet nas últimas semanas, ela recebeu 195 propostas de 13 entidades, entre elas Ibama e Greenpeace.

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