Torre de transmissão da Copel no Oeste do Paraná: estatal amplia rede| Foto: Divulgação/Copel

Desinteresse

Três dos 13 lotes licitados ontem não receberam qualquer oferta, o que reforça a percepção de que a dificuldade para obter licenças ambientais e resolver questões fundiárias reduziu o apetite dos investidores. Os dois leilões anteriores de 2013 também tiveram lotes sem interessados.

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2.472 quilômetros de linhas de transmissão foram acrescentados ao portfólio da Copel desde 2010. Elas estão em construção ou serão construídas. Quando entrarem em operação, vão gerar, juntas, receitas de R$ 297 milhões por ano.

A Copel arrematou ontem dois lotes no leilão de sistemas de transmissão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Quando as linhas e subestações estiverem funcionando, vão gerar uma receita anual de R$ 94 milhões, o equivalente a 67% do atual faturamento da empresa na área de transmissão.

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A Aneel estima que as obras vão exigir investimentos de quase R$ 1,64 bilhão, dos quais R$ 854 milhões devem ser desembolsados pela Copel. O restante caberá à estatal federal Furnas, sócia minoritária no consórcio que arrematou o maior dos 13 lotes licitados ontem.

Considerando a fatia da Co­pel (de 50,1% em uma das concessões e de 100% na outra), os dois empreendimentos vão agregar 457 quilômetros à área de transmissão da empresa, hoje com 2.175 quilômetros. Desde 2010, a Copel já havia arrematado outros 12 lotes, com um total de 2.015 quilômetros. Quando começarem a funcionar, entre janeiro de 2014 e maio de 2016, eles vão gerar uma receita total de R$ 203 milhões ao ano.

"Estamos incorporando receitas muito significativas, que vão nos ajudar a voltar ao patamar de receita em que estávamos antes da MP 579", disse à Gazeta do Povo o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, referindo-se aos efeitos da renovação das concessões. Antes do pacote do governo federal, a área de transmissão da Copel faturava mais de R$ 300 milhões por ano.

Concessões

As duas concessões conquistadas ontem contemplam obras no Paraná. A principal envolve a construção e operação de três subestações e três linhas de transmissão, com 847 quilômetros ao todo. Uma das linhas ligará Campo Largo, na Grande Curitiba, a Itatiba (SP), e as outras duas ficarão em São Paulo.

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Segundo a Copel, o conjunto é "fundamental para escoar a energia das hidrelétricas que estão sendo instaladas na Amazônia, além de reforçar a integração do sistema elétrico entre o Sul e o Sudeste".

Copel e Furnas vão receber R$ 174,4 milhões por ano pelo empreendimento, valor máximo previsto no leilão – nenhuma outra empresa apresentou proposta. As linhas e subestações devem entrar em funcionamento 42 meses após a assinatura do contrato.

O outro lote vencido pela Copel abrange a construção da subestação Curitiba Norte e de uma linha de 33 quilômetros até Campo Largo, que têm de ficar prontas em 30 meses. A Copel se propôs a receber R$ 6,7 milhões ao ano, 5% menos que o teto estipulado pela Aneel. O investimento estimado é de R$ 69 milhões.

Ações disparam após alta nos dividendos

As ações preferenciais da Copel fecharam o pregão de ontem em alta de 9,75%, a terceira maior dentre os papéis que compõem o índice Ibovespa. A principal razão foi o anúncio, na quarta-feira, do pagamento de dividendos de R$ 325 milhões aos acionistas, o equivalente a 50% do lucro líquido ajustado do primeiro semestre. A empresa, que durante o governo Requião pagava o mínimo exigido por lei, de 25%, elevou o índice para 35% no início do governo Richa e, mais recentemente, para 38%.

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"O setor elétrico pratica taxas muito mais altas. Em média, distribui 70% do lucro. Como a Copel pagou por muito tempo uma quantia mínima, as ações estavam abaixo do valor patrimonial da empresa. O retorno para quem investia era muito pequeno", diz o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer. "Nossa ideia é ir ao encontro dos anseios do acionista, que tem direito a uma recompensa pela confiança que deposita na empresa."

O aumento dos dividendos não vai afetar o programa de investimentos da Copel, diz o executivo. "Vamos fazer um investimento maior, com uma alavancagem maior, que deve gerar um lucro maior", explica.

Segundo Zimmer, o endividamento da empresa – equivalente a pouco mais de 20% do patrimônio líquido – é um dos mais baixos do setor, e tem espaço para crescer. "O saudável, em uma equação econômica ótima, seria algo em torno de 45%. Para a Copel, dinheiro emprestado é mais barato que recurso próprio. Eu posso deduzir o empréstimo do imposto de renda e do resultado da empresa. E ela não pode preferir pagar imposto a adquirir ativos."