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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve o ritmo de corte da taxa de juros em 0,50 ponto percentual na reunião deste mês. Com isso, reduziu os juros de 12% para 11,50% ao ano.

Em 11,50% ao ano, a taxa de juros brasileira se encontra, novamente, no seu menor nível da história. No caso dos juros reais, isto é, descontados a inflação, o Brasil deixou, com a decisão de hoje, de ser o país com a taxa mais alta do mundo.

Os juros reais brasileiros caíram para 7,7% ao ano com a decisão de hoje do Copom. Segundo a consultoria Up Trend, abaixo dos 8,2% ao ano da Turquia. Apesar do recuo, os juros reais brasileiros ainda são elevados. Os juros médios praticados em 40 países selecionados pela consultoria estão abaixo de 2,5%. Sem unanimidade

Esse é o segundo encontro consecutivo do Comitê com redução desta magnitude. A decisão veio em linha com as expectativas do mercado financeiro. Assim como no último encontro, porém, a decisão de hoje não foi unânime.

Quatro integrantes do Copom votaram pela redução de 0,50 ponto percentual, mas outros três participantes queriam um corte menor: de 0,25 ponto percentual. A forte divisão no Copom pode ser interpretada como um sinal de que o BC vai diminuir o ritmo de corte dos juros em seu próximo encontro, marcado para o início de setembro. Essa, aliás, já é a expectativa dos analistas do mercado, que vêem uma postura mais conservadora do BC no futuro.

A perspectiva do retorno de cortes menores nos juros a partir de setembro foi reforçada com a divulgação dos últimos índices de inflação, que apontam elevação nos preços dos alimentos. Em junho, os preços dos alimentos subiram 1,09% e responderam por mais de 80% da inflação do período, de 0,28%. Carne bovina e leite devem continuar subindo, segundo os especialistas.

Atração de dólares

Um dos efeitos do alto nível da taxa de juros brasileira, na comparação com outros países, é o ingresso de recursos na economia - que gera a queda do dólar. Isso porque juros altos atraem investidores que buscam uma remuneração melhor do que a obtida em outros países.

Dados do BC mostram que US$ 53 bilhões já ingressaram no Brasil até meados de julho deste ano, valor bem acima dos US$ 37,27 bilhões que entraram em todo o ano de 2006 – recorde para um ano fechado. Por conta da enxurrada de dólares, as compras efetuadas pelo BC no mercado à vista também são expressivas – fator que eleva as reservas internacionais. Definição da taxa de juros

O BC define a taxa de juros com base no sistema de metas de inflação. Para este ano e para 2008, a meta central estabelecida é de 4,5%. Como existe um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo, pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Ao baixar os juros, o Banco Central estimula o consumo e, ao elevá-los, impede o crescimento dos gastos da população e, consequentemente, da inflação.

Neste momento, o Banco Central já está mirando na meta de inflação de 2008, visto que existe uma defasagem de seis meses para que um corte dos juros tenha impacto pleno na economia. A estimativa de inflação do mercado financeiro para o próximo ano, porém, está em 4%, abaixo, portanto, da meta central de 4,5%. Isso indica que as reduções de juros deverão ter continuidade.

Ao final do encontro desta quarta-feira, o BC divulgou a seguinte frase: "avaliando as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 11,50% ao ano, sem viés, por quatro votos a favor e três votos pela redução da taxa Selic em 0,25 ponto percentual. O Comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

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