Análise

CNI quer política fiscal mais ativa para atingir metas

Agência Estado

A elevação de 0,5 ponto porcentual dos juros está dentro das expectativas, afirmou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A CNI adverte que, diante deste cenário, "a política fiscal deve ter papel mais ativo no combate à inflação". De acordo com a confederação, mesmo com a retração da inflação no acumulado em 12 meses, a evolução dos preços exige um acompanhamento muito atento da política econômica. Para os industriais, a desaceleração atual dos preços tem características, basicamente, de curto prazo, sem sinais de manutenção duradoura. "Por isso, é preciso manter o alerta para o comportamento dos preços em 2014", diz, em nota.

Segundo a entidade, um fato relevante é a discrepância de tendência entre os preços monitorados e livres. Sem a contribuição dos monitorados, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dificilmente terminaria 2013 dentro do limite superior da meta de 6,5%, cita.

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O Banco Central elevou ontem a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto porcentual. A Selic chega 9,5% ao ano, num movimento amplamente esperado e sem nenhuma indicação de mudanças no ritmo do aperto monetário adotado para combater a inflação.

A decisão foi unânime, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC repetiu pela quarta vez, nos mesmos termos, o comunicado que justificou sua escolha de aumentar – também pela quarta vez consecutiva – a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual. "O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", informou o Copom.

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"O BC não está dando nenhum indício de que vai parar com o aperto monetário, e eu achava que ele podia sinalizar no comunicado que poderia parar em breve" afirmou o diretor de Gestão de Recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello. "Provavelmente, na próxima reunião teremos uma elevação de 0,50 ponto porcentual, mas a dúvida de o que vem depois vai ficar no mercado", disse Curvello, acrescentando que, em sua visão, a Selic deverá chegar a 10,25% ao ano.

Dois dígitos

Cresce cada vez mais entre os agentes econômicos a expectativa de que a Selic possa voltar ao patamar de dois dígitos, algo que não se vê desde janeiro de 2012, por conta da inflação ainda elevada, e que este ciclo de aperto possa se estenda por mais tempo. A pesquisa Focus do BC mostrou, no início desta semana, que as Top 5 (instituições que mais acertam as estimativas) veem a Selic subindo a 10,5% ao ano até fevereiro de 2014, com uma elevação de 0,5 ponto em novembro, na última reunião do Copom neste ano, e outras duas altas de 0,25 ponto em janeiro e em fevereiro.

Mas, pelo menos por enquanto, a maior parte do mercado acredita que a Selic irá somente a 9,75 por cento e ficará neste patamar ao longo de 2014.

O presidente do BC, Ale­xandre Tombini, vem reiterando que o objetivo da política monetária é trazer a inflação para a meta de 4,5% ao ano, mas sem colocar prazos.

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Dose elevada

Segundo a Força Sindical, "o Copom está usando uma dose elevada de forma desnecessária ao estabelecer a taxa Selic pois o índice de inflação, conforme as projeções, do próprio BC, para 2013 será o menor dos últimos três anos". Segundo a entidade, "a diferença entre o remédio e o veneno é a dose", argumentando que o aumento da Selic é excessiva. Em nota, a Força Sindical cita que há uma distância entre o modelo econômico defendido e a política monetária praticada. "Será zelo demais? A dose não pode matar o paciente?", diz a organização.