A equipe da Toro Investimentos na cerimônia de estreia da corretora na B3, na última terça-feira (17).| Foto: Divulgação/Toro/

A primeira fintech a criar uma corretora do zero no Brasil, ou seja, ter a custódia e a gestão de sua carteira sem o suporte de bancos, não poderia chegar de mansinho. A Toro Investimentos estreou na última terça-feira (17), com cerimônia na B3, trazendo consigo um pacote agressivo de novidades. 

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A Toro começa oferecendo um mix de investimentos em renda fixa, Tesouro Direto e Bolsa. Apresentada na Gazeta do Povo ainda em abril deste ano, o salto da Toro foi possível depois do aval do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no primeiro trimestre, e também graças ao aporte de R$ 46 milhões recebidos em troca de 25% de suas ações. Um dos investidores é o CEO da Localiza, Eugênio Mattar.

O que começou em 2010 com foco em educação financeira e tecnologia – a empresa diz ter sido uma das primeiras empresas a oferecer cursos gratuitos sobre finanças na internet –, virou uma vontade imensa de transformar o setor financeiro. Mais precisamente, de entregar a melhor experiência de investimentos do mundo.

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Com essa missão em mente, a plataforma e as soluções que a Toro trouxe nesta semana têm, claramente, uma alma de e-commerce. Foram pensadas para que qualquer pessoa que tenha o mínimo de experiência com compras online consiga investir. Além desse ambiente digital simplificado, diferente do usual, a Toro surge com uma política ganha-ganha: em caso de prejuízo, a fintech não cobrará nada do cliente; já em caso de lucro, cobrará 10% do rendimento obtido.

Se até os anos 2000, no Brasil, o usual era a corretagem variável, e depois, com a popularização da internet e do home broker, vieram as taxas fixas por operação, a Toro entende a sua política ganha-ganha como uma evolução na forma de cobrança pelo serviço das corretoras. 

“A gente queria uma forma de estar ao lado cliente (...) Nascemos como uma empresa de educação, então não era uma questão de ser mais barato ou caro, mas de introduzirmos novos valores (...) ”, diz o sócio-fundador da Toro, Gabriel Kallas.

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Toro quer decretar o fim do home broker

Sabe aquela tela de computador, repleta de tabelas, números e gráficos da Bolsa, que os investidores experientes usam para comprar e vender ações online? É o home broker, e a Toro quer decretar o fim dessa interface online de investimentos por uma série de razões. Entre elas: pouquíssimos investidores entendem tudo o que o home broker mostra, já que tudo o que é mostrado é baseado em conceitos abstratos; e a tal interface não traz respostas diretas a dúvidas básicas, como “qual o risco desse investimento?”

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Como alternativa, e ainda no espírito e-commerce, a Toro oferece o chamado one click trade, ou investimento em um único clique. Nessa lógica, o cliente olha para a Bolsa de uma maneira mais simples – ou, como brinca Kallas, quase como fazer um pedido num app de delivery. Logo na primeira tela, vê as ações recomendadas pelos analistas e as que se adequam melhor ao seu perfil. Rolando a tela, é possível explorar mais as opções no formato de busca, em que é possível filtrar os resultados por, por exemplo, ações com tendência de alta e de baixa. Se o cliente quiser se aprofundar ainda mais, é possível acessar análises sobre as opções.

Ao optar por uma ação, as informações dispostas não estão em número de papeis ou qualquer outro conceito complicado, mas em R$. A plataforma tb oferece uma estimativa de ganho e de possível prejuízo, também em R$. “Quando mostro de maneira transparente as opções, os riscos, eu estou educando esse investidor”, frisa Kallas.

O cliente escolhe o ganho que deseja obter, o risco que aceita correr e investe em apenas um clique. Na área de renda fixa não é diferente. A lógica de investimento planejado, onde é possível buscar e comparar investimentos, taxas e rentabilidade de forma simples, é a mesma.

Toro cria marketplace de renda fixa

Outra novidade é a criação de um marketplace de renda fixa, ou resgate antecipado de investimentos desse tipo, em que os clientes podem vender para outras pessoas seus investimentos caso precisem desistir deles antes do prazo. “Se você precisar antecipar o resgate do seu investimento, você nos comunica e a gente oferece na plataforma para quem tiver interesse em seguir com aquele investimento, e a gente entrega um prêmio de rentabilidade (...) Você abre mão de um pouco de rentabilidade e quando esse investimento aparecer na plataforma, ele vai aparecer com uma rentabilidade maior do que o mercado oferece. Com isso, a gente cria comodidade para quem quer sair do investimento e entrega mais rentabilidade para quem está procurando por uma oportunidade”, explica Kallas. 

Videobot com a cara da equipe

Como forma de relacionamento direto com os clientes, a Toro apresenta o Toro Player. A ferramenta, que é gratuita, é um videobot interativo, ou seja, um vídeo no qual o próprio Kallas responde dúvidas e ajuda em simulações, por meio de uma programação de respostas automáticas. A ideia de usar a imagem de alguém da equipe e não um mascote, por exemplo, é a de dar uma cara mais humana à Toro diante do cliente.

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As metas que a fintech estipulou daqui para frente são ousadas: ser a segunda corretora que mais cresce em número de novas contas abertas no Brasil até o fim de 2018; e alcançar 5 milhões de pessoas até 2019 (em abril, na primeira vez em que a Gazeta do Povo falou com a empresa, essa última meta era para 2022). 

Embora confesse que não acorde todos os dias pensando nesses números, Kallas diz que a missão da empresa, de entregar a melhor experiências de investimento do mundo, fica sim martelando na sua cabeça e nas cabeças das 200 pessoas da sua equipe. “Se eu entregar isso eu não tenho nem ideia do número que vou alcançar, poderemos até ir além do que estamos preparados tecnicamente hoje para fazer”, diz o sócio-fundador da Toro.