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Apesar do recuo esperada para a inflação em 2012, preços de commodities agrícolas – como o milho – podem ser um risco | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Apesar do recuo esperada para a inflação em 2012, preços de commodities agrícolas – como o milho – podem ser um risco| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Juros

11,5% é a taxa básica de juros atual. Se as previsões dos analistas estiverem corretas, a reunião do Copom desta semana fará o terceiro corte seguido na Selic – nas outras duas ocasiões, em agosto e outubro, a redução foi de 0,5 ponto porcentual.

"O grande desafio hoje é calibrar juros para ter crescimento de 3% em 2012, com inflação de 4,8%."

Fabio Silveira, sócio da RC Consultores, para quem seria necessário um corte maior de juros, de 0,75 ponto porcentual, para não afetar o ritmo de atividade no segundo semestre do ano que vem

Antes da última reunião em 2011 do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que começa hoje e termina amanhã, os economistas não consideram que os técnicos do BC tenham uma difícil tarefa pela frente – cortar juros para reanimar a economia sob o risco de dar mais combustível para aumentos de preços, mesmo considerando que a inflação não esteja morta.

A rápida desaceleração do ritmo de atividade, captada pelo próprio índice do BC – o IBC-Br, espécie de indicador antecedente do Produto Interno Bruto (PIB), que fechou o terceiro trimestre com queda de 0,3% ante o trimestre anterior, já descontadas as influências sazonais – dá respaldo para que o Copom reduza em 0,5 ponto porcentual a taxa básica de juros, de acordo com a maioria dos analistas de mercado. Hoje os juros básicos estão em 11,5% ao ano.

"A batalha da inflação está mais ou menos ganha para 2012", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges. Segundo ele, o cenário atual é mais confortável para o corte de juros, do ponto de vista da inflação, olhando para o movimento dos preços na margem, mesmo com o reajuste do mínimo de 14,3% para 2012 e da resistência dos preços dos serviços. Para sustentar esse argumento, ele diz que a inflação neste mês e no próximo deve girar em torno de 0,50%. Essa estimativa sinaliza uma variação anual entre 4,5% e 5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Bor­ges considera que a própria desaceleração do ritmo de atividade deve segurar a inflação. "O BC está olhando para o cenário da economia para frente, não para a inflação corrente, que indica um IPCA de 6,5% neste ano", afirma.

Além disso, Borges considera que a nova Pesquisa de Orça­mento Familiar (POF), que vai balizar o cálculo do IPCA a partir de janeiro, deve reduzir entre 0,2 e 0,3 ponto porcentual a inflação para o ano que vem, que ele projeta em 5,2%. Segundo o último Boletim Focus, do BC, divulgado ontem, o mercado espera alta de 5,56% para o IPCA em 2012.

Conflito

Para a economista Zeina Latif, o velho conflito entre inflação e crescimento na hora de optar pelo corte na taxa de juros não é válido para o quadro atual da economia brasileira. "De fato, fomos surpreendidos pela crise e o cenário vai piorar daqui para a frente", alerta a economista. Segundo ela, o fraco desempenho do terceiro e do quarto trimestre deste ano e do primeiro trimestre do ano que vem já está dado. Há uma piora da confiança do empresário, choque de investimento e diminuição da atividade da indústria, que já afeta a produção de veículos, observa. Esse quadro de forte desaceleração da atividade deve moderar os aumentos de preços, prevê. "Por isso, o BC pode cortar lentamente os juros para garantir a inflação na meta", conclui.

Apesar da forte desaceleração, o sócio da RC Consultores Fabio Silveira destaca alguns riscos inflacionários para o ano que vem, como os contratos indexados ao IGP-M, como os aluguéis. Outro risco de pressão inflacionária pode ocorrer com os alimentos, cujos preços são formados no mercado internacional. Se a alta do dólar persistir, o impacto nos preços em reais pode ocorrer no primeiro trimestre de 2012.

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