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A Cosan, maior produtora de açúcar e etanol do Brasil, pagou um prêmio de R$ 400 milhões pela aquisição de parte das ações da América Latina Logística (ALL), maior operadora ferroviária da América Latina. O grupo desembolsou R$ 23 por ação, valor 108,5% superior à cotação de mercado da ALL na última sexta-feira, de R$ 11,03. O negócio, anunciado na noite de terça-feira, envolveu a compra de quase 39 milhões de ações da ALL por um valor total de R$ 896,5 milhões.

A Cosan, que é atualmente um dos principais clientes da ALL, passa a deter 5,67% do capital da empresa de logística, com direito a assento no conselho da empresa de logística e 49% das ações vinculadas ao acordo de acionistas. Com o negócio, as ações da Cosan na BM&FBovespa fecharam o pregão com queda de 5,83%, para R$ 29,19. A ALL, por sua vez, fechou o dia com baixa de 1,81%, com o papel valendo R$ 10,53.

Analistas de mercado consideraram o preço "alto", o que explica a queda nos papéis, mas o presidente executivo da Cosan, Marcos Lutz, argumentou, em teleconferência na tarde de ontem, que a ALL é "estratégica" para a Cosan e faz parte de um plano de longo prazo. "Queremos ser um investidor estratégico e não financeiro, de curto prazo. Além disso, queremos ser reconhecidos como um grupo com forte atuação em infraestrutura, agronegócio e energia", disse. Segundo ele, ao comprar papéis de acionistas mais próximos da administração, o prêmio naturalmente tem de ser melhor.

Luiz Augusto Pacheco, gestor de portfólio da boutique de investimentos Inva Capital, considera que o prêmio pode complicar o negócio entre as duas empresas, com a possibilidade de contestação de acionistas minoritários na Justiça. "Não deixa de surpreender que esse valor tenha sido tão alto e oferecido pela Cosan a apenas três acionistas da ALL", diz.

Para Pacheco, a operação pode ter reflexos no foco estratégico da ALL no médio prazo. "Ninguém investe quase R$ 1 bilhão em uma empresa para não mudar nada", diz. A aquisição das ações ainda depende da aprovação dos demais acionistas da ALL e vai passar pelo crivo governamental, por meio do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Cosan tem feito pesados investimentos para reforçar sua atuação na área de infraestrutura. Há cerca de três anos criou a Rumo, que atua no transporte de commodities agrícolas, empresa em que possui parceria com a ALL. Lutz negou, porém, a possibilidade de fusão da Rumo com a ALL.

Fundada em 1936 em Piracicaba (SP), a Cosan é hoje uma das maiores produtoras e vendedoras de açúcar e álcool do mundo, com 23 unidades, quatro refinarias e dois terminais portuários. O foco da empresa está no cultivo, colheita e processamento de cana-de-açúcar, utilizada na produção de açúcar e álcool.

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