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Onça, o equivalente a 31 gramas de ouro, valorizou-se 40% nos últimos dois anos: metal é considerado investimento seguro | Jung  Yeon-Je/AFP
Onça, o equivalente a 31 gramas de ouro, valorizou-se 40% nos últimos dois anos: metal é considerado investimento seguro| Foto: Jung Yeon-Je/AFP

Rentabilidade

Para investir, conhecimento do mercado é essencial

O ouro é apontado como uma boa alternativa de investimento em momentos de forte incerteza econômica e de pressões inflacionárias. O metal, porém, não é recomendado para quem procura rentabilidade estável e não tem muito conhecimento sobre os movimentos desse mercado. "O ouro ganha destaque nos momentos de crise. Mas é um investimento arriscado porque quando a crise passar seu preço vai cair", diz o economista José Guilherme Vieira, professor da UFPR. Foi o que aconteceu no início dos anos 80, quando havia um risco grande de a inflação sair do controle nos EUA.

Para investir, é preciso procurar uma corretora especializada – algumas inclusive fazem a operação pela internet. É possível receber as barrinhas para guardá-las em casa, ou apenas recibos indicando que elas estão custodiadas na corretora. "Recomendo que o investidor compreenda bem a dinâmica do mercado. No Brasil, as cotações têm variações sazonais e não caminham exatamente como o mercado internacional", explica André Nunes, presidente do Grupo Fitta.

Produto já foi usado como lastro de moedas

O retorno do ouro como reserva de valor tem um jeito de volta ao passado. Ele foi usado como principal meio para realização de trocas durante séculos e foi o precursor do dinheiro em papel.

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  • Veja a evolução do preço do metal em Londres

Em tempos de ressaca provocada por instrumentos financeiros complexos, tem se destacado uma aplicação que está entre as mais antigas, o ouro. O metal tem se valorizado com força e nas duas últimas semanas bateu quase diariamente o recorde histórico de preço – em Londres, a cotação da onça, medida que equivale a 31 gramas, passou de US$ 1.140, valor 40% maior do que há dois anos.A valorização do ouro ocorre em paralelo ao avanço de outras commodities, como cobre, petróleo e celulose, mas tem algumas peculiaridades. De todos os produtos básicos que estão em alta, o metal dourado é o que mais se aproxima da função de reserva de valor que normalmente é encontrada no dinheiro. Sua valorização quase ininterrupta nesta década mostra que há mais gente tentando se proteger da fraqueza econômica nas economias desenvolvidas.De forma geral, a escalada das commodities e de algumas moedas, entre elas o real, ocorre porque os investidores conseguem tomar dinheiro emprestado a um custo quase nulo em alguns países, em especial nos Estados Unidos, para fazer investimentos de curto prazo. Eles compram contratos futuros de metais, petróleo e ações em países emergentes. "Há excesso de dólares circulando e esse fluxo de capital é direcionado para a compra de ativos, inclusive o ouro", diz o economista Fernando Ferrari Filho, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).Muitos apostam que as economias emergentes, como Brasil e China, voltarão a crescer com força e de forma sustentável, o que ajuda a explicar a valorização de produtos básicos como petróleo. Mas o ouro e outros metais preciosos têm um comportamento diferente de outras commodities. Eles tendem a subir quando a economia vai mal e, mais do que a antecipação da recuperação, sua alta mostra que há muita desconfiança ainda no ar."Os EUA e outros países estão gastando muito para sair da crise e há o risco disso se transformar em inflação mais para frente. O ouro reflete esse risco", diz o economista José Guilherme Vieira, professor da Universidade Fe­­deral do Paraná (UFPR). Di­­fe­ren­temente de outras commodities, o metal dourado é menos influenciado pela atividade industrial de países emergentes e tem uma oferta bem mais restrita, o que o torna menos sensível a dados de produção – o que não ocorre com o petróleo, por exemplo. Calcula-se que o estoque mundial de ouro seja de 160 mil toneladas, peso comparável ao transportado por apenas três navios graneleiros carregados com soja, e a produção anual não passa de 2,5 mil toneladas.

Bancos centrais

Um movimento que surpreendeu analistas e colaborou para a valorização do ouro nas duas últimas semanas foi o fato de o banco central da Índia ter comprado 200 toneladas vendidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "A Índia quis diversificar suas reservas em um movimento que reflete o momento pelo qual passa o dólar, principal moeda de reserva do mundo", diz Ferrari Filho.

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