Negócios com a moeda brasileira foram manipulados em 2009.| Foto: Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Públicas

O real foi vítima de um esquema internacional de manipulação das taxas de câmbio que envolveu seis dos maiores bancos globais e resultou em multas que superam os US$ 5,6 bilhões.

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Desconhecida até agora, a influência sobre a moeda brasileira foi revelada no acordo final entre autoridades dos Estados Unidos e o britânico Barclays. O documento fala em “conspiração” e cita que havia boicote aos corretores nacionais para aumentar o poder de fogo do esquema de manipulação de preços.

Documento do órgão supervisor do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (DFS) mostra que negócios com a moeda brasileira em 2009 foram alvo da ação de operadores que queriam influenciar preços para aumentar lucros.

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“Operadores de câmbio envolvidos no mercado entre o dólar dos Estados Unidos e o real do Brasil conspiraram juntos para manipular os mercados”, diz o termo de compromisso de cessação de prática (consent order, em inglês) que envolve o Barclays. O termo foi assinado na última terça-feira (19) pelo conselheiro geral do banco britânico, Robert Hoyt.

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A investigação analisou especialmente negócios realizados entre 2008 e 2012 e afirma que a manipulação com a moeda brasileira usava procedimentos “mais diretos” que os adotados em outros mercados, como o que negocia euros.

Boicote

Segundo a autoridade americana, operadores “concordavam em boicotar corretores locais para reduzir a competição”. Com menor concorrência, seria mais fácil influenciar a oscilação dos preços no mercado.

Uma indicação do esquema veio à tona com a troca de mensagens entre duas pessoas que negociavam a moeda brasileira. Em 28 de outubro de 2009, um operador do Royal Bank of Canada (RBC) conversava com um colega do Barclays.

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“Todo mundo está de acordo em não aceitar um agente local como corretor?”, questiona o funcionário do banco canadense via programa eletrônico de troca de mensagens. “Sim, menor competição é melhor”, respondeu o operador do banco britânico.

Exatamente nesse dia, o dólar fechou em alta de 0,6%, a R$ 1,7447, segundo dados do Banco Central. Naquela época, o mercado de câmbio do Brasil vivia o fim de um período de quase um ano de firme valorização da moeda nacional.

Enquanto o mundo tentava se desvencilhar dos problemas da crise financeira, o Brasil crescia e o fluxo de moeda estrangeira para o país fez com que o dólar caísse do patamar próximo de R$ 2,50 visto em dezembro de 2008 para R$ 1,70 em outubro de 2009.