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  • País vive um boom na construção civil: apenas a Caixa vai financiar R$ 60 bilhões neste ano

Mantido o ritmo atual, o volume de crédito para a casa própria vai ultrapassar os empréstimos para o financiamento de automóveis em até dois anos. Dados do Banco Central divulgados nesta semana apontam que em abril o total de contratação de recursos habitacionais no país alcançou R$ 104,1 bilhões, praticamente o mesmo volume do mercado de financiamento de veículos (excluindo o segmento de leasing), que foi de R$ 105 bilhões. O crescimento do segmento habitacional em abril surpreendeu o próprio Banco Central: no fim de 2008 o crédito de veículos superava o imobiliário em quase 30%, e hoje a diferença é inferior a 1%.Nesse contexto, o volume total das operações de crédito alcançou R$ 1,468 bilhão em abril, avançando 1,1% no mês e 17,6% em doze meses. Com o resultado, a relação entre os empréstimos totais e o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu 45,2%, ante 41% em abril de 2009.

"Não tenho dúvidas de que em no máximo 24 meses o crédito habitacional vai ultrapassar o total de dinheiro direcionado para automóveis, somando leasing, financiamentos e tudo mais", diz o economista da consultoria Brain Bureau de Inteligência Cor­­po­ra­­ti­­va, Fábio Tadeu Araújo. Para ele, a con­­juntura de mais emprego e renda no país, somada aos subsídios do governo federal no financiamento da casa própria, pinta um quadro positivo na questão da habitação. "Apenas a Caixa Econômica Federal prevê financiar R$ 60 bilhões este ano. O volume está crescendo com velocidade", diz. A Caixa tradicionalmente responde por cerca de 70% dos financiamentos habitacionais do país.

Mais maturidade

O atual empate entre automóveis e casas não é um reflexo de mais maturidade do consumidor, mas sim da maior oportunidade do crédito, afirma o economista. "Apesar de adorar carros por vários motivos, o que dá mesmo para chamar de sonho do brasileiro ainda é a casa própria. E este sonho se tornou mais acessível: os juros subsidiados pelo governo para as classes mais carentes ficam praticamente zerados quando se projeta uma inflação de 5,5% ao ano", diz.

O economista do Departa­mento Intersindical de Esta­tística e Estudos Socioeconô­micos (Dieese) Cid Cordeiro também avalia que a alta do crédito habitacional é um "caminho natural" decorrente do crescimento da economia nacional. "A conjuntura de estabilidade econômica com mais renda, redução de juros e maior prazo para pagamento está permitindo isso. Além disso, um imóvel é obviamente mais caro do que um automóvel, então o volume de dinheiro no mercado imobiliário deve ser maior, de fato."

Apesar desta relação, o economista destacou que o Brasil ainda possui um grande déficit habitacional, e que portanto há bastante espaço para crescimento desse mercado. Mesmo crescendo a passadas largas – subindo de 2,3% do PIB para 3,2% nos últimos 12 meses, segundo o Banco Central –, o volume aplicado é pequeno quando comparado a outros países com economias semelhantes. O Chile, por exemplo, tem 17% do seu PIB dedicado em crédito habitacional, e o México, 11%.

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