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Brasília - O ritmo de crescimento do crédito continua acima do porcentual considerado sustentável pelo Banco Central. Dados da instituição mostram que o total de dívidas de consumidores e empresas cresceu 21% nos 12 meses encerrados em fevereiro. O BC quer um crescimento entre 10% e 15% neste ano.

O crédito chegou ao nível – mais uma vez recorde – de 46,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no mês passado, o equivalente a R$ 1,74 trilhão. Em fevereiro, houve expansão de 1,3%, acima do verificado em janeiro. Depois da queda verificada em janeiro, a média diária de concessões (novos empréstimos) cresceu 8,4%. Para os consumidores, os maiores aumentos foram no crédito pessoal (19,6%) e para veículos (18,2%).

Juros

A taxa média de juros dos empréstimos ao consumidor ficou estável em 43,8% ao ano em fevereiro, depois de dois meses seguidos de aumento. Apesar do aumento no custo de captação de recursos por parte dos bancos, houve queda no "spread" bancário, parcela do juro que embute ganhos, despesas e risco. A taxa de inadimplência teve pequena variação, de 5,7% para 5,8%. É a primeira alta desde maio de 2009.

Apesar da queda nos juros do cheque especial (167,4%) e do crédito pessoal (48%), houve alta no financiamento de veículos (27,3%) e outros bens (50,8%). Os juros para empresas subiram de 29,3% para 30,7% ao ano. A taxa média geral, pessoa física e jurídica, subiu de 37,4% para 38,1% ao ano. A inadimplência total passou de 4,6% para 4,7%.

"Acomodação"

Apesar dos números, o Banco Central vê acomodação do crescimento do crédito no país como reflexo das medidas adotadas pelo governo. Segundo o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, quem for tomar um empréstimo hoje no sistema financeiro vai encontrar condições muito diferentes das observadas antes das medidas macroprudenciais adotadas pelo BC e da alta das taxas de juros. "As medidas macroprudenciais tiveram êxito para conter as modalidades de crédito que estavam com crescimento mais acelerado", avaliou.

Entre essas modalidades, ele citou o crédito consignado e de financiamento de veículos. Na sua avaliação, as medidas de restrição do crédito estão contribuindo para a acomodação do crescimento da economia e para a queda da inflação. Maciel destacou que a alta de concessões de crédito tem componente sazonal. Por isso, destacou, essa expansão precisa ser qualificada.

O chefe adjunto do Depec destacou que, além do componente sazonal, a base de comparação é deprimida. A forma mais adequada, segundo ele, de analisar os dados de crédito divulgados ontem é observando o comportamental trimestral dos indicadores, que foge das influências sazonais e evidenciam a tendência. É com base nos números trimestrais, destacou, que se pode observar que o estoque de crédito apresentou um ritmo menor depois da adoção das medidas macroprudenciais.

O número que o chefe do Depec destacou foi a queda de 8,9% da média diária de concessões de crédito no trimestre. "Estamos vendo uma acomodação do ritmo de crescimento do crédito", avaliou. Ele destacou como importante a interrupção do processo de dilatação dos prazos de financiamento.

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