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Conjuntura

Presidente do BC garante que não há risco de descontrole nos preços

Nas últimas semanas, o governo reiterou que não há risco de descontrole da inflação e que o câmbio não será usado como instrumento de combate à alta de preços. Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, deu sinais de que o pode vir a voltar a elevar os juros, mas não está claro se isso pode vir a ocorrer já na próxima reunião, na semana que vem. Em entrevista ao jornal The Wall Street Journal, disse que o controle da inflação é prioridade. "Nossa meta é a inflação, então temos que ajustar e calibrar nossas políticas para atingir nossos objetivos; o crescimento não é meta do Banco Central." Para a presidente Dilma Rousseff, a queda dos juros a níveis mais próximos de patamares internacionais era importante bandeira política para a reeleição, mas o entendimento agora no Palácio do Planalto parece ser que uma inflação muito alta poderia causar mais estragos que a elevação dos juros. A Selic, porém, dificilmente voltará a taxas de dois dígitos.

As recentes declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que os juros poderão ser usados para evitar que a inflação fure o teto da meta, de 6,5%, já mudaram a expectativa dos analistas de mercado sobre o comportamento da taxa básica de juros (Selic) em 2013. A maioria já acredita na possibilidade de alta nesse ano. Apesar disso, boa parte deles ainda descarta uma elevação da taxa na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 5 e 6 de março. As apostas são de que a taxa, hoje em 7,25% ao ano, possa subir em abril ou maio.

A sinalização de um novo aperto monetário fez subir os juros futuros nos últimos dias – para 7,8% em janeiro de 2014, um indicativo de que o mercado já trabalha com a possibilidade de alta da Selic em 2013. "A percepção geral é de que o governo poderá antecipar a alta prevista inicialmente para 2014 para 2013. Mas teremos uma ideia mais precisa sobre o que o BC pretende fazer somente com a divulgação da próxima ata", diz Nastassia Romanó Leite de Castro, economista da Omar Camargo Corretora.

As apostas de mercado são de uma alta moderada – entre 1% e 1,5 ponto porcentual, levando a Selic para 8,75% até o fim do ano.

A prévia da inflação de fevereiro divulgada na semana passada pelo IBGE reforçou a tese de alta da Selic. Embora a inflação tenha recuado em relação a janeiro, a persistência de reajustes de alimentos e de serviços não sugere alívio, mesmo com o corte do preço da energia elétrica.

Parte dos analistas acredita que se o governo decidir aumentar a Selic ele o fará na primeira metade do ano, quando a inflação deve atingir seu pico. Isso porque uma mudança na taxa de juros demora em média cerca de seis meses para surtir efeito na chamada economia real. Mas não há consenso. "Na nossa visão, se a alta vier, ela será na segunda metade do ano. Antes disso, o governo vai tentar reduzir o impacto da inflação por meio de novas desonerações", diz Nastassia.

A aposta do governo é que a inflação, que no primeiro semestre deve ficar em 6% no acumulado dos 12 meses, perca fôlego na segunda metade do ano. Um fator preocupante é o alto grau (75%) de difusão da inflação, com vários produtos com alta de preços.

Criticado nos últimos meses por supostamente ser tolerante com taxas de inflação mais elevadas, o governo tentou dar uma resposta ao mercado, na avaliação de Thais Marzola Zara, economista chefe da Rosenberg Consultores Associados. "O governo quis dar uma sinalização de que quer controlar a inflação e o fará via aumento de taxas de juros se achar necessário" diz.

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