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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira (16) que considera um exagero a previsão de crescimento de 7% para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, feita na véspera pelo banco de investimentos JP Morgan.

Em entrevista após o encerramento do Congresso Brasileiro do Aço, em São Paulo, ele disse que esse "exagero de previsão" talvez seja "o desejo de alguns de influenciar em uma elevação dos juros maior do que o necessário", afirmou. Segundo o ministro, a estimativa é de que a economia brasileira cresça entre 5,5% e 6% este ano.

"Bondades do Congresso"

O ministro falou em seu discurso sobre a solidez fiscal da economia brasileira e alertou sobre o risco de se desequilibrar as contas públicas. Mantega disse que é preciso ter cautela em ano eleitoral quando, segundo ele, o Parlamento quer "fazer bondades".

"Todo mundo quer fazer bondades, ninguém quer fazer maldades. Então temos que ficar atentos porque a cada dia vejo lá no Congresso que estão querendo eliminar o INSS das aposentadorias. Seriam R$ 11 bilhões de buraco a mais na Previdência, o aumento desmesurado das aposentadorias", disse, acrescentando que tanto a base aliada quanto a oposição querem conceder "benefícios".

Na semana passada, líderes da Câmara e do Senado chegaram a anunciar um acordo que previa reajuste de 7,7% nas aposentadorias para quem recebe acima de um salário mínimo. Já no início da semana, no entanto, membros do governo se posicionavam contra a medida. O próprio ministro afirmou que proporia ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que vetasse qualquer proposta de reajuste aos aposentados que ultrapasse 6,14%.

Mantega contou que tem sido abordado por aposentados que o questionam sobre a postura do governo em relação ao reajuste. "O governo propôs um aumento para as aposentadorias acima dois salários, que é uma minoria, de 6,14%. Essa é a nossa proposta, mas querem mais. O Congresso quer mais. Então, tendo adotado uma posição de defesa do superávit primário, das contas públicas, porque sabemos as conseqüências de permitir que elas fiquem desequilibradas."

Inflação

O ministro também mandou mandou um recado para os setores que querem se antecipar a correções sobre margens de lucro e aumentar os preços. Disse que o governo agirá com aqueles que fizerem "elevações não fundamentadas".

"Os preços estão subindo porque a economia está mais aquecida esse ano. Tivemos problemas excepcionais de chuva, a alimentação puxou [os preços]. Não podemos projetar a inflação do início do ano para o resto do ano. É equivocado fazer isso, não podemos nos precipitar. Temos que ficar mais vigilantes para que não haja contágio desses preços sobre outros preços. Por exemplo, setores que já querem se antecipar em corrigir margens mesmo antes que ocorram elevações", disse aos jornalistas.

No discurso, o ministro da Fazenda citou as importações como forma de combater a alta da inflação. Segundo Mantega, isso pode ser feito aproveitando-se a abertura da economia para baixar tarifas de importação. "Eu sei que o setor aqui presente não gosta muito disso, mas somos forçados a fazer isso em certas circunstâncias", brincou.

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