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Efeitos da crise na produção industrial |
Efeitos da crise na produção industrial| Foto:

LG demite no Vale do Paraíba

A unidade da LG Electronics em Taubaté, no interior de São Paulo, é a primeira grande indústria do Vale do Paraíba a demitir por causa dos efeitos da crise mundial. Em nota oficial, a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do município, que é ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), informou que esse foi o argumento da empresa para confirmar a dispensa de 200 funcionários, na última segunda-feira. No sábado, outros 350 trabalhadores temporários já haviam sido dispensados. Segundo dois deles, ao serem comunicados foram informados de que a medida havia sido tomada por falta de renovação de contrato para fornecimento de celulares para operadoras de telefonia sem fio.

O presidente do sindicato, Isaac do Carmo, repudiou a atitude e a justificativa dada pela LG para as demissões. "Em momento algum a empresa buscou alternativas que evitassem a dispensa dos funcionários", reclamou.

A LG Electronics atua em 39 países e está no Brasil desde 1997, com dois complexos industriais. Em Manaus (AM), são produzidos tevês convencionais, displays de plasma, LCD e de projeção, DVDs e condicionadores de ar. A unidade de Taubaté tem cerca de 2 mil funcionários e produz monitores e aparelhos de telefone celular. A assessoria de imprensa da empresa não comentou as demissões.

Agência Estado

A produção industrial do Brasil levou um tombo em outubro, mostrando a dimensão do impacto da crise internacional sobre a economia do país. Com a retração nesse indicador-chave, o resultado do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar abaixo do que previa o governo. A estimativa oficial era de expansão de 5,5% em 2008, enquanto analistas projetam algo entre 5% e 5,3%. Em outubro, a produção industrial caiu 1,7% na comparação com setembro, o que fez o aumento acumulado no ano cair de 6,4% para 5,8%.

O resultado de outubro revela uma desaceleração forte em um mês que tradicionalmente é de formação de estoques. A expansão da produção em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado foi de apenas 0,8%, o menor nível desde dezembro de 2006. Em setembro, o crescimento havia sido de 9% em relação ao mesmo mês de 2007. "Outubro marca a entrada da indústria no novo cenário econômico mundial", afirmou o coordenador de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales.

O segmento com a maior queda, na comparação com setembro, foi o de bens de consumo duráveis (-4,7%). Nessa categoria, houve queda em todos os subsetores: automóveis (-3,4%), eletrodomésticos (-1,7%), outros equipamentos de transporte (-13,3%, puxados especialmente por motocicletas) e mobiliário (-5,3%). O IBGE também notou que, diante da crise, um número elevado de empresas decidiu paralisar as linhas de produção em outubro: ao todo, foram 118 indústrias. Em outubro de 2007, foram 68.

Sales destacou a perda de quase um ponto porcentual no indicador industrial de 12 meses apurado em setembro (6,8%) para outubro (5,9%). Segundo ele, uma perda de tal magnitude não ocorria desde março de 2005. Além do setor de veículos, que desacelerou por causa da falta de crédito, houve uma retração expressiva na área de produtos químicos, cuja produção caiu mais de 11% na comparação com setembro. Isso ocorreu porque o dólar mais alto inibiu a compra de fertilizantes por produtores rurais. Os segmentos de petróleo (-9%) e máquinas e equipamentos (-5%) foram outros que pesaram no recuo ante setembro.

Fim de ano

Os dados da produção industrial de outubro sinalizam que a crise internacional já se instalou no Brasil. Assim, é possível que haja um recuo no PIB no último trimestre do ano, o que aponta para um começo de 2009 bastante difícil. "O Natal não vai ser bom como imaginávamos até setembro. E é preocupante que o governo tenha demorado para assumir que o reflexo da crise sobre a economia real será muito grave", afirma o economista Jason Vieira, da consultoria UpTrend. Para ele, o crescimento da economia brasileira ficará abaixo de 5,3% em 2008.

Para o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores, o PIB do quarto trimestre cairá 0,5%, e fechará o ano com alta de 5%. O departamento econômico do Banco Santander espera queda de 0,2%, mas aposta em alta de 5,3% no ano. Já o economista-chefe do banco Morgan Stanley, Marcelo Carvalho, além de prever queda do PIB de 0,6% no último trimestre, também avalia que "aumentou a probabilidade de o Brasil entrar em recessão técnica" nos próximos trimestres. Ou seja, deve haver outra queda no primeiro trimestre de 2009.

O economista Luís Carlos da Costa Rego, da consultoria Costa Rego & Associados, diz que é possível que a queda na produção continue em novembro e dezembro. "Talvez não sejam meses tão ruins como outubro, porque o crédito parece voltar aos poucos. Mas é certo que teremos um efeito negativo que vai se arrastar até o primeiro trimestre de 2009", analisa. No fim de ano, a indústria continua a sentir os efeitos das paradas nas montadoras, em siderúrgicas e em fábricas de produtos químicos.

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