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O que vem se chamando de "crise de Dubai" é apenas um pequeno efeito colateral do período de excessos pelo qual a economia global passou entre 2002 e 2007. Pequeno, porque a dívida de US$ 60 bilhões não chega perto dos trilhões que já foram injetados por governos de todo o mundo para salvar o setor financeiro do colapso. O principal medo que emergiu com a notícia do calote em Dubai era o de que grandes bancos ocidentais estivessem expostos a mais uma bolha imobiliária. Pelo que se viu ontem, o impacto em cadeia sobre o sistema financeiro global foi marginal. Por ora.

O calote encosta contra a parede um modelo que está mais para bolha do que para desenvolvimento sustentável. Dubai apostou na combinação de investimento externo em massa, mão de obra importada e atração de negócios no setor de serviços. Era para ser a vitrine mais brilhante do Oriente Médio. O mercado imobiliário era o elo entre o mundo financeiro e a tal atração de negócios. Mas algo deu errado. O boom foi muito além do que a economia real permitia, em grande parte porque os preços estavam distorcidos pelo investimento em massa. A parada no fluxo de dinheiro que mantinha de pé os preços jogou a estatal Dubai World à lona.

Ainda não se sabe quantas Dubais estão à solta pelo mundo. Há quem aponte que no início do próximo ano aparecerão mais prejuízos no mercado imobiliário norte-americano, desta vez no ramo comercial. Outros dizem que a Grécia é a bola da vez. Há muitas dúvidas sobre o Leste da Europa. Como a recuperação da economia global ainda é muito frágil, e os mercados anteciparam uma retomada forte, veremos novas "crises" mexendo com os nervos dos investidores. Não se engane, leitor, a crise é uma só e ainda não terminou.

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