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Ponta Grossa – A crise da agropecuária congelou o comércio de terras no Paraná. Cotada em real, dólar, soja, boi gordo, milho ou fumo, a terra produtiva não tem mais mercado. De Umuarama a Santo Antonio da Platina, de Pato Branco a Paranavaí, de Ponta Grossa a Maringá, a venda de imóveis rurais caiu pela metade e, com isso, o preço do hectare alcança um de seus mais baixos índices da década.

O saldo dos últimos 18 meses para o agricultor paranaense é negativo, e a sucessão de problemas, que começou com a elevação da cotação do dólar e terminou com a estiagem, agora também ameaça seu maior patrimônio: a terra.

Em diversas cidades onde a produção agrícola dita o ritmo da economia, como Castro e Imbituva, nos Campos Gerais, a freqüência das transações despencou de 20 por mês, no primeiro semestre de 2005, para no máximo duas, em agosto último.

Na Região Oeste, o movimento caiu perto de 80%, na esteira das baixas cotações de três commodities: gado, soja e mandioca, explica o corretor Ademar Barbosa Resende, de Umuarama. "Nem a perspectiva de instalação de novas usinas de açúcar e álcool muda o quadro."

Relatos idênticos são ouvidos em Pato Branco, Santo Antonio da Platina, Toledo, União da Vitória, Guarapuava, Cascavel e Maringá. A exceção fica por conta de Paranavaí, onde a cana-de-açúcar faz a diferença e sustenta não só os negócios como o preço da terra.

Os registros das imobiliárias de Castro são reveladores: numa delas, a Novo Rio, tanto a oferta quanto a procura por áreas rurais caíram 95%. Ainda há quem busque imóveis para comprar, mas não existe área disponível. Em outra, a Ecology, o jeito é se contentar com negócios envolvendo áreas pequenas, como sítios e chácaras. "Crise no campo dá nisso", tenta explicar o corretor Júlio César Hamad.

O quadro é bem semelhante em Ponta Grossa, pólo regional e termômetro do setor para todo o Paraná. As escrituras de imóveis rurais só não são mais raras, explica a titular do 2.º Registro de Imóveis, Marlou Santos Lima Pilatti, porque a iminência de desapropriação de áreas para instalação de unidades de conservação na cidade está forçando uma corrida pela regularização. O corretor Alessandro Cury conta que sua imobiliária registrava mensalmente de 15 a 20 consultas de interessados em comprar áreas rurais de médio e grande porte, embora a oferta fosse menor – entre oito e dez cadastros, no final de 2005. De lá para cá, a procura quase sumiu. "Hoje temos uma ou duas consultas por mês, e a oferta caiu 50%, pelo menos."

Cury diz acreditar que "o pessoal não está querendo plantar, com medo de que o governo não colabore". "Quem tem dinheiro está tentando comprar áreas mais baratas", observa. Márcia Méo, da Tavarnaro, culpa o preço da soja pelo sumiço dos negócios: "Quando há quebra de safra ou diferença no preço do dólar, como ocorreu no ano passado, o mercado despenca".

Para Edson Santos, da MP Imóveis, muitos proprietários de imóveis rurais ainda "não se conscientizaram" de que o preço da terra caiu sensivelmente, e mantém os preços altos. Sua estimativa é de que os negócios tenham caído pelo menos 50% em relação aos anos anteriores.

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