• Carregando...

Depois de uma semana de muita turbulência, o mercado financeiro teve uma sexta-feira tensa, mas de poucos variações. O dólar chegou a ser negociado a R$ 2,22 ao longo do dia, mas fechou estável em R$ 2,21. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou baixa de 0,09%, chegando aos 34.798 pontos – mas acumulou perda de 3,72% na semana. A Bolsa chegou a cair até 34.396 pontos, mas o preço atraente de algumas ações depois de três dias de pessimismo, contribuiu para diminuir o ritmo de queda. O risco-país também subiu durante toda semana e chegou ontem a 249 pontos (elevação de 2,04%).

Para as próximas semanas, a expectativa do mercado financeiro é de mais instabilidade. Bolsa e câmbio têm sido fortemente influenciados pela crise política – por causa do escândalo da compra de um dossiê contra os candidatos tucanos José Serra (que disputa o governo do estado de São Paulo) e Geraldo Alckmin, candidato à presidência por membros do Partido dos Trabalhadores (PT). Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, qualificou o episódio como "insanidade", "loucura" e que raiou a "imbecilidade".

"O receio do mercado é que, por causa dessas crises, o novo governo comece com pouca credibilidade", diz a economista da Rosenberg, Débora Nogueira. Para o economista sênior do banco Santander Banespa, Constantin Jancs, o problema da crise política também está em como ela pode se refletir no início do novo governo. "Neste momento, pouco importa quem vai vencer. Mas a crise sinaliza para o mercado um ambiente político ruim e dividido no começo de 2007, ou seja, na hora de formar as bases de sustentação da nova gestão", diz. "Isso significa que caem as perspectivas de aprovação de reformas ao longo de todo ano, e assim, diminui a expectativa de crescimento do país."

Segundo informações levantadas nos bastidores do mercado, algumas instituições financeiras iniciaram nos últimos dias um movimento incipiente de hedge de câmbio e juros. Embora no começo, e sem força suficiente para ser considerada uma tendência, a busca por proteção, acusada por analistas do próprio mercado, estaria sendo estimulada pela crise no cenário político nos últimos dias em decorrência do escândalo do dossiê Vedoin (que envolveria políticos tucanos no esquema de compras de ambulâncias superfaturadas, na chamada "máfia das sanguessugas".

Segundo os analistas, no entanto, o mercado também sofreu forte influência do cenário externo negativo. Uma série de episódios, segundo Jancs, contribuíram para piorar o sentimento dos investidores em relação aos países emergentes – grupo do qual o Brasil faz parte. O economista cita, por exemplo, o golpe de estado na Tailândia. "É uma combinação de fatores. A própria situação interna do Brasil contribui negativamente para o cenário externo dos emergentes."

Para o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP), Antônio Lacerda, a crise política é responsável apenas por 20% da turbulência do mercado. "A situação norte-americana tem gerado incertezas nos investidores e se refletido no câmbio e na bolsa." Apesar do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) ter mantido a taxa básica de juro do país em 5,25% ao ano, dados fracos de inflação e do setor imobiliário dos Estados Unidos vem gerando preocupação quanto ao ritmo de desaceleração do país.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]