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A segurança que o cooperativismo traz para o pequeno agricultor e a necessidade de elevar o nível de industrialização da produção agrícola paranaense foram dois recados que o presidente da Cooperativa Agroindustral de Maringá (Cocamar) trouxe ontem a convidados do caderno de Economia da Gazeta do Povo, no Buffet do Batel, em Curitiba. Luiz Lourenço, com 25 anos de Cocamar, foi o primeiro convidado do setor do agronegócio a falar neste ano no ciclo de palestras Papo de Mercado, que já reuniu lideranças das áreas de turismo, varejo e publicidade.

Lourenço mostrou que as cooperativas paranaenses respondem por 18% do PIB do estado. São 74 cooperativas agrícolas que reúnem 106 mil cooperados, a maior parte pequenos agricultores, pois mais de 80% das terras agricultáveis são propriedades de até 50 hectares. Para eles, o sistema de cooperativa permite acesso a crédito e tecnologia. "O mais importante para o agricultor é a assistência técnica que ele recebe, a transferência de tecnologia e acima de tudo a organização", diz.

A proteção oferecida pelas cooperativas serviu para amenizar os efeitos da crise enfrentada pelos agricultores nos últimos dois anos, quando a seca, o dólar desvalorizado e suspeitas de febre aftosa bovina trouxeram grandes perdas. "Imagine o prejuízo para o produtor se ele não tivesse auxílio para planejar, comercializar ou armazenar a produção", diz. Ele acredita que o campo brasileiro está indo rumo à "crista da onda" na safra 2006/2007, compensando em parte as perdas das útimas safras, devido ao barateamento dos insumos e à manutenção de bons preços.

Em safras boas ou ruins, ele acredita que o futuro do agronegócio esteja na diversificação de produtos e sua industrialização. Na Cocamar, 87% da produção entregue pelos 6,6 mil cooperados é transformada em óleos vegetais, café, maionese, atomatados e molhos prontos, entre outros. Com isso, a Cocamar é a cooperativa do estado mais voltada para o varejo. A industrialização responde por 25% do faturamento, que deve fechar o ano em R$ 870 milhões (em 2005 foram R$ 958 milhões e em 2004, R$ 1,2 bilhão).

"Se isso fica na mão de multinacionais, o dinheiro vai para os EUA ou a Europa. Já quando quem fatura é a cooperativa, ela reinveste no Paraná", compara. A Cocamar pretende começar a fabricar rações a partir da soja, a partir do segundo semestre. Criada em 1963, a Cocamar produz soja (responsável por metade do faturamento), algodão, café, cana, laranja, milho, trigo, canola, seda e girassol, e distribui suas mercadorias industrializadas para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de exportar cerca de 7% da produção.

Outros desafios que Lourenço enxerga na rota do crescimento do agronegócio são a pressão de organizações não-governamentais, a desinformação com relação ao desmatamento, invasões de terra e a lentidão das regulamentações de biotecnologia. Lourenço também criticou a ausência de um planejamento governamental para o setor e a falta de verbas para organismos de pesquisa.

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