O Vale do Silício, nos EUA, reúne 18 das 50 empresas mais inovadoras do mundo, como Apple, Alphabet (dona do Google), Udacity e Tesla. Não à toa, a região atrai
43% de todo financiamento de capital de risco norte-americano e é berço de dezenas de “unicórnios” — startups cujo valor de mercado é igual ou superior a US$ 1 bilhão. Para aproximar o ecossistema de inovação brasileiro
desse polo tecnológico, investidores e mantenedores do Cubo Itaú, maior hub de fomento ao empreendedorismo da América Latina, realizaram uma expedição à Califórnia no final de agosto.
Segundo Renata Zanuto, head de startups e ecossistema do Cubo, a viagem de uma semana teve como foco construir uma ponte entre o Brasil e o Vale do Silício, estimulando a vinda de empresas norte-americanas para o país. “O ecossistema brasileiro está bastante amadurecido, uma vez que o exterior vê uma relação de ganho mútuo com nossas startups”, afirma a executiva, que organizou a missão em parceria com a BayBrazil, entidade que estimula o networking entre profissionais e empresários das duas nações.
Ao visitar as gigantes de tecnologia da região, como Apple e Google, e participar de seminários com especialistas em empreendedorismo, o grupo ouviu como feedback que empresas e instituições estrangeiras querem desbravar o mercado brasileiro, mas têm dificuldade para fazer negócios conosco.
“Ouvimos que o brasileiro não sabe dizer não, fala sim sem ser sim, e que a regulamentação do país é muito difícil. Depois que eles entendem esse cenário, por outro lado, acham ótimo se relacionar com o Brasil porque o mercado é muito grande”, descreve Renata.
Visibilidade
O Brasil também ganha relevância no exterior ao se tornar foco de grandes investidores, como o conglomerado japonês SoftBank, diz a executiva. O Vision Fund I, de US$ 100 bilhões, já patrocinou o aplicativo brasileiro de mobilidade urbana 99, a fintech Creditas, o marketplace de academias
Gympass e a startup de logística Loggi.
Em março, o grupo japonês lançou um novo fundo de tecnologia, com foco na América Latina e capital de US$ 2 bilhões. “O SoftBank está contribuindo para as startups brasileiras virarem unicórnios e investirem em outras
empresas, como o Nubank. Essa roda faz com que o Brasil cresça”, exemplifica.
Apesar de o potencial de negócios do Vale do Silício ser o maior atrativo de empreendedores, Renata avalia que o networking foi o melhor souvenir que eles trouxeram na bagagem. Ela adianta também que há grandes possibilidades
de conexões, mas não entrega quais. “Tecnologia é feita por pessoas. Não tem como separar uma coisa da outra”, conclui a executiva.
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