Os militantes da Via Campesina invadiram a área da Syngenta alegando que a multinacional estava plantando transgênicos a seis quilômetros do Parque Nacional do Iguaçu. A chamada "zona de amortecimento" impede esse tipo de cultivo a menos de dez quilômetros do parque. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esteve na propriedade poucos dias depois da invasão, e multou a empresa em R$ 1 milhão por desrespeitar a zona de amortecimento.

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Além da área da Syngenta, outras 20 propriedades foram embargadas pelo Ibama por plantarem transgênicos dentro da zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu. "Antes do auto de infração, a empresa apresentou somente uma autorização de 2001 da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), para o plantio do milho transgênico", diz o superintendente do Ibama na região de Cascavel, Walter Gonçalves dos Santos.

A Syngenta argumenta que possuía autorizações da CTNBio e do próprio Ibama para o plantio de soja, milho e algodão transgênicos. Por entender que não descumpriu a lei, a empresa ainda não pagou a multa de R$ 1 mi-lhão. Mas, em maio, atendendo a reivindicações da Via Campesina e a determinação do Ibama, colheu toda a soja (12 hectares) e o milho (1 hectare) transgênicos cultivados na área. O milho foi destruído, enquanto a soja vai ficar depositada em um armazém da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), em Cascavel, até que a Justiça Federal decida o destino das sementes.

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A Via Campesina quer também a desapropriação do campo experimental, que passaria a abrigar um laboratório de sementes crioulas. De acordo com a Syngenta, dos 123 hectares da propriedade, 51 eram de reflorestamento, dentro da chamada reserva legal. Depois da invasão, a empresa encaminhou algumas denúncias ao Ibama, relatando o corte de árvores da reserva legal e o despejo de lixo dentro da área de preservação permanente.

Essas infrações foram comprovadas pelo Ibama, e renderiam multa de R$ 1,5 mil por hectare desmatado e até R$ 50 mil por conta do lixo despejado no local. Entretanto o movimento não chegou a ser autuado. "O inconveniente é que não há quem possamos responsabilizar. A Via Campesina não tem CNPJ, e nenhum militante forneceu sua documentação para que pudéssemos fazer o auto de infração", diz o superintendente regional do Ibama. (FJ)

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