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Governo quer trocar 10 milhões de aparelhos

Apelidado de "bolsa-geladeira", o programa de eficiência energética planejado pelo governo federal pretende estimular a troca de dez milhões de geladeiras com mais de oito anos de uso – que consomem 60% mais energia que os modelos novos. O objetivo é beneficiar famílias de baixa renda, que poderão usar o aparelho usado como entrada, e financiar o restante "em prestações módicas", segundo o governo, que estuda reduzir impostos sobre os aparelhos.

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São Paulo - O programa de troca de geladeiras antigas, em gestação no governo federal há quase um ano, deve garantir impulso extra a um empreendimento que está dando seus primeiros passos em Curitiba. A empresa paulista Essencis Soluções Ambientais importou da Alemanha a "manufatura reversa" de refrigeradores – tecnologia de reciclagem que captura o gás nocivo cloro-flúor-carbono (CFC) – e quer colocá-la no mercado, em escala comercial, nos próximos dois meses. Os primeiros testes estão sendo feitos na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), onde a Essencis tem uma unidade de tratamento de resíduos industriais. A meta é reciclar 300 mil refrigeradores ainda em 2009.

A novidade foi anunciada em São Paulo, durante a Ecogerma 2009, feira de tecnologias sustentáveis promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. O evento, que reuniu 150 expositores, começou na quinta-feira e termina hoje. "Os equipamentos chegaram há pouco tempo da Alemanha, e no momento trabalhamos no projeto-piloto, em Curitiba, 'tropicalizando' a tecnologia e treinando nosso pessoal", conta Roberto Lopes, diretor-superintendente da Essencis. Joint venture formada pela empreiteira Camargo Corrêa e a empresa de engenharia Solvi, a companhia emprega 700 pessoas – 70 em Curitiba – e trata cerca de 10 mil toneladas de resíduos por dia, em seis estados brasileiros. Começou a estudar a manufatura reversa em 2007, quando criou uma divisão específica para essa área.

Lopes afirma que as técnicas convencionais de reciclagem recuperam apenas 60% do gás CFC contido nas velhas geladeiras. "Elas se concentram apenas no compressor, que tem 300 gramas do gás, mas ignoram a espuma de poliuretano, que tem 800 gramas de CFC. A nossa tecnologia, na qual a geladeira é triturada e seus diferentes materiais, separados pela máquina, permite aproveitar 99,5% do CFC, que em seguida é transformado em líquido e incinerado em ambiente controlado." De acordo com o executivo, no tratamento de uma única geladeira, essa diferença impede poluição equivalente à de um veículo que rodou 3,5 mil quilômetros. "O CFC não apenas agride a camada de ozônio, ele é causador de efeito estufa. Cada tonelada de CFC na atmosfera equivale a dez mil toneladas de gás carbônico."

A Essencis investiu 12 milhões de euros nos primeiros equipamentos e no licenciamento da tecnologia, que pertence à alemã SEG, e vai destinar mais 13 milhões de euros ao projeto nos próximos quatro anos. Quando funcionar em escala comercial, a manufatura reversa será feita por unidades móveis, transportadas por quatro caminhões que vão carregar o conjunto de máquinas até os locais de recolhimento de antigas geladeiras. Segundo Lopes, uma "encomenda" de cinco mil refrigeradores já viabilizará cada deslocamento.

O repórter viajou a convite da Câmara Brasil-Alemanha.

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