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Maria Antonieta Abdul Hak atravessou a cidade para comprar móveis: dificuldade para aliar qualidade com condições vantajosas para aquisição das peças | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Maria Antonieta Abdul Hak atravessou a cidade para comprar móveis: dificuldade para aliar qualidade com condições vantajosas para aquisição das peças| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Variáveis

Design e condições de pagamento são decisivos para compra

Com a inflação em alta, quem precisa trocar o mobiliário da casa ou do ambiente de trabalho deve estar atento não só ao preço, mas a outras variantes na hora da aquisição. É o que fez a engenheira Maria Antonieta Ferreira Mello Abdul Hak, 55, ao escolher armários modulados para a casa e escritório e uma sala de jantar para a sogra. Moradora do bairro Juvevê, ela optou por uma loja que agregasse ao preço qualidade e condições de pagamento e entrega mais vantajosas. "As facilidades eram maiores, apesar de a loja estar do outro lado da cidade, no Capão Raso", relata Maria Antonieta.

Nilson Violato, gerente da unidade Senai de Arapongas, que oferta os cursos de Técnico em Móveis e Design de Móveis, afirma que o valor agregado ao design dos produtos também vem representando encarecimento nos preços do mobiliário paranaense. Ele considera que, ao mesmo tempo, houve um incremento na oferta de mobiliários disponíveis no mercado. "Antes, uma cozinha tinha três peças, hoje são 12. O próprio consumidor está mais exigente, prefere pagar um pouco mais num produto de qualidade melhor", afirma.

Comprar móveis está mais caro para o curitibano. O preço do mobiliário subiu 17,53% na cidade em um ano, enquanto a média nacional não passou de 7,98%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) verificado nos cinco primeiros meses de 2013 também manteve esta tendência – a alta na capital paranaense foi de 11,54%, contra 4,07% no país. Somente em maio, a variação em Curitiba foi de 1,32%. Já a média das capitais consultadas ficou em 0,85%.

INFOGRÁFICO: Valor do IPCA em Curitiba é até três vezes maior que a média nacional

Quando o assunto são os móveis para a cozinha, a inflação pesou ainda mais bolso do consumidor paranaense. Até maio, o aumento nos preços registrado na cidade foi de 21,06%, três vezes superior ao constatado em nível nacional, 5,98%. Essa elevação foi provocada principalmente pelo acréscimo nos custos da matéria-prima utilizada no setor, avalia a gerente de pesquisas do IBGE, Irene Maria Machado. "Houve ainda aumento no valor do frete e reajustes salariais na área", pontua a pesquisadora.

O economista Carlos Magno Andriolli Bittencourt, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), considera que o "boom" na entrega de imóveis registrado recentemente também colaborou para este cenário curitibano. "Há uma demanda grande por esses produtos, a mão de obra está cada vez mais seletiva e a maior parte da matéria-prima, como a madeira, vem de fora, nós não a produzimos mais", diz.

Bittencourt sustenta que o fato de Curitiba ser a capital consultada com a variação de preços de móveis mais alta está ligado à condição de emprego pleno da cidade. "Mais pessoas estão trabalhando, têm renda e buscam pelos produtos, porém os preços não baixam porque o mercado tem uma capacidade limitada de fornecimento", observa.

Custos

O presidente da Asso­ciação Brasileira de Móveis (Abimóvel), Daniel Lutz, argumenta que a elevação nos custos de produção é o que vem puxando significativamente a variação de preços. "Em 2012, o aumento dos insumos para chapas, muito utilizadas em móveis de cozinha, por exemplo, foi de mais de 20%", calcula.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Marcenaria do Paraná (Simov), Luiz Fernando Tedeschi, no estado, os insumos ficaram mais caros ao menos três vezes ao longo dos últimos 15 meses. "Isso não foi passado ao consumidor, mas chega um momento que a empresa não sustenta mais o preço. O resultado é o que se vê no mercado", pondera ele, ao considerar que o rejuste salarial para trabalhadores da área e a retomada de parte das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) também pesaram nesta equação.

Para Tedeschi, este cenário deve se tornar mais estável a partir do segundo semestre. "Temos esperança que melhore, mas esperança com o pé no chão. A cada ano que passa, o setor industrial tem o PIB negativo e as importações só aumentam", enfatiza.

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