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Preste atenção no rótulo: a lingüicinha do churrasco, o salame da tábua de frios e os defumados da feijoada do fim de semana podem estar sendo fabricados a poucos quilômetros, ou mesmo quadras, de sua casa. A região de Curitiba abriga boa parte dos produtores de embutidos do estado. São mais de 30 fabricantes espalhados pelos 26 municípios da região metropolitana com registro no Serviço Inspeção do Paraná para produtos de origem animal (SIP) – praticamente um terço das empresas do ramo no estado.

"A aceitação é muito boa. Tem gente que já chega aqui procurando por uma determinada marca local, mas nem sei se os clientes imaginam que é produto da região. Até o ano passado, a maioria dos nossos produtos eram de Santa Catarina ou de São Paulo", diz a vendedora Érica de Andrade, de uma casa de queijos e vinhos do Mercado Municipal de Curitiba. Quem trabalha na área parece não ter do que reclamar. O catarinense Ademir Romani montou em Mandirituba, a 45 quilômetros de Curitiba, a filial da salameria Romani, que ele tinha há oito anos em Capinzal, no interior de Santa Catarina. Hoje, a maior parte da produção ficou concentrada no Paraná, onde 15 pessoas produzem 20 toneladas de embutidos e defumados de suínos por mês. "Lá é mais fácil de produzir, por causa da proximidade com os criadores, mas aqui é bem melhor de vender. Existe uma concorrência forte, mas basta criar um diferencial", diz o empresário.

As empresas têm apostado em seguir à risca receitas tradicionais da cozinha italiana e alemã para ganhar mercado, sem ter de apelar para a disputa pelo preço. A escolha de Romani por Mandirituba, por exemplo, levou em consideração o clima semelhante ao da região de Vêneto. "Fui duas vezes à Itália só para conhecer melhor a tradição e as receitas de fabricação destes produtos", diz ele, frisando que a pancetta (bacon) feita pela empresa segue rigorosamente os 120 dias de maturação do preparo artesanal italiano.

A salameria Monte Bello, de Quatro Barras, é outra que tem no seu portfólio produtos com nomes complicados como bockwurst e weisswurst, salsichas alemãs que compõem receitas de dar água na boca. "Passamos quase 10 anos fazendo pesquisas e testando receitas para sermos fiéis à fabricação original dos produtos", conta Airton Empinotti, um engenheiro agrônomo aposentado, de 69 anos, que há cinco anos, depois de parar de dar aulas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), resolveu investir na fabricação de embutidos e defumados para dar uma finalidade econômica à chácara da família. "Não são produtos baratos, mas são fidedignos", diz ele.

Outra que vem buscando diversificar as opções de produtos é a Bizinelli, que este ano completa 75 anos. Além da conhecida lingüiça fina especial, que é o carro-chefe da marca, a empresa vem apostando em salames, salsichões, chouriço e cortes defumados. "Durante um bom tempo a empresa trabalhou apenas com lingüiça e banha de porco. Hoje são mais de 20 tipos de produto. Estamos adaptando a produção para conseguir o registro na inspeção federal e vender para outros estados", afirma a veterinária responsável pelo frigorífico, Fernanda Kandalski. A empresa inaugurou este ano uma loja da fábrica com 150 metros quadrados. "Colocamos tudo que é preciso para se fazer um churrasco. No fim de semana, a loja fica cheia", conta o gerente comercial, Ângelo Antônio Bizinelli.

A presença destas empresas, avalia o engenheiro agrônomo Johnny Fusinato Franzon, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), é importante para toda a cadeia da carne. "Com este tipo de produção, praticamente toda a carne do animal é aproveitada. Carcaças de animais com algum tipo de machucado (uma mancha roxa de batida, por exemplo), que não prejudica a qualidade da carne, não são descartadas só por uma questão estética, como aconteceria se fossem destinadas apenas para o corte", explica.

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