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A publicitária Marcela de Masi rejeitou uma proposta de emprego com salário e cargo mais altos para permanecer no trabalho atual | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
A publicitária Marcela de Masi rejeitou uma proposta de emprego com salário e cargo mais altos para permanecer no trabalho atual| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

Atmosfera

Ambiente agradável depende de uma série de fatores

A atmosfera em que os trabalhadores passam praticamente metade dos seus dias em uma empresa é tida como fundamental para que as pessoas gostem do que fazem. segundo especialistas, um ambiente de trabalho agradável é formado por uma complexa equação de fatores.

De acordo com a consultora em Recursos Humanos Giseli Almeida, da Brandz, os elementos vão dos mínimos detalhes até as grandes afinidades entre funcionário e corporação em que trabalha. "Vai da cadeira em que você senta até o alinhamento com os valores da empresa", diz. "Um mínimo detalhe pode ser suficiente para despertar insatisfação."

A satisfação extrapola o ambiente físico do trabalho. De acordo com o economista do trabalho Agnaldo Beduschi, da Universidade Federal Fluminense, a localização tem se tornado um fator cada vez mais importante. "Com um trânsito caótico e cada vez menos tempo para suas atividades individuais, esse elemento tem ganhado cada vez mais importância para que as pessoas sintam prazer em trabalhar", diz.

19 candidatos por vaga

De acordo com um levantamento do site de vagas Adzuna, Curitiba é a terceira cidade com menor relação de candidato por vagas em todo o Brasil, atrás somente de Rio de Janeiro e São Paulo. Entre as vagas ofertadas no portal, a disputa na cidade é de 19 candidatos por vaga – na capital paulista a proporção é de 16 e no Rio, 17. O dado pode indicar que há uma oferta elevada de empregos, mas também que é pequeno o número de profissionais disponíveis para ocupá-los. De acordo com a pesquisa elaborada pelo portal, Curitiba também ficou com a quarta maior remuneração entre as vagas oferecidas, com média de R$ 2,2 mil.

Seja por causa do salário, do ambiente ou simplesmente porque gostam do que fazem, os curitibanos estão, em sua grande maioria, satisfeitos com o trabalho. De acordo com um levantamento feito pela Paraná Pesquisas, 85% dos trabalhadores da cidade se consideram felizes ou muito felizes em seus empregos. As mudanças no modelo de gestão corporativa e um mercado de trabalho sólido são as principais causas apontadas por especialistas para o alto índice de satisfação.

INFOGRÁFICO: Como você se considera em relação ao seu trabalho?

Na pesquisa, feita com exclusividade para a Gazeta do Povo com 551 entrevistados entre os dias 12 e 14 de fevereiro, 20% disseram estar felizes e 65%, muito felizes com o trabalho. Entre eles, 46% atribuem essa satisfação por gostar do que fazem. Salário e estabilidade, com 21%, e ambiente, com 13%, são as outras razões mais frequentes.

O baixo índice de desemprego e a mudança nos métodos de gestão estão por trás dessa percepção, dizem especialistas.

De acordo com Agnaldo Beduschi, professor de Economia do Trabalho na Universidade Federal Fluminense, com a desocupação abaixo dos 5% nas principais regiões metropolitanas, as pessoas têm uma gama maior de postos de trabalho à disposição e podem escolher aquele que for mais satisfatório.

"É uma consequência da solidez do mercado de trabalho. Sem a sombra do desemprego, a frequência de pessoas que se sujeitam a um ambiente hostil ou a uma remuneração injusta é muito menor", afirma.

Mesmo felizes, as pessoas não deixam de ponderar as propostas de trabalho. De acordo com o levantamento, 82% dos curitibanos não estão procurando mudar de emprego, mas metade consideraria ouvir uma proposta de trabalho. "Você pode gostar do que faz, mas não quer dizer que não vá trocar por um posto melhor. É uma disputa sadia no mercado de trabalho, que se reflete em melhores relações entre as empresas e seus funcionários", afirma a gerente de consultoria da Michael Page no Brasil, Patrícia Tourinho.

Carreira

Com aquecimento no cenário do emprego, programas de retenção de talentos e planos de carreiras ganham cada vez mais importância nas políticas corporativas. "O salário é muito importante, mas as pessoas passaram a se preparar mais para as vagas que realmente querem ocupar, por isso o ambiente organizacional e as opções de carreira são tão importantes quanto a remuneração", explica Nancy Malschitzky, especialista em desenvolvimento de Recursos Humanos da FAE.

Foram esses os fatores que fizeram a publicitária Marcela de Masi rejeitar uma proposta para trocar de trabalho ganhando mais e em um posto mais alto. "Era uma boa proposta para aceitar de imediato, mas ponderei o quanto gosto do meu atual emprego e o quanto posso crescer aqui", afirma.

Marcela, que está há nove anos no mercado de trabalho e há quase dois no Grupo Boticário, acredita que suas experiências anteriores a levaram a entender bem que tipo de vaga se adéqua melhor ao seu perfil. "Já experimentei uma série de funções, mas hoje vejo que pode ser mais importante ter mobilidade no seu emprego atual do que ter que mudar de empresa para evoluir", completa.

Salário é principal razão para mudança

O principal motivo para que uma pessoa busque um novo emprego ainda é a procura por um salário maior. De acordo com o levantamento do Paraná Pesquisas, uma remuneração mais alta que a atual é o motivo determinante na hora de trocar de empresa para 40% dos entrevistados.

"Ficou claro que para algumas estratificações, o salário é muito determinante. É o que vemos principalmente nos postos de trabalho de menor remuneração média", afirma o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. O salário baixo também foi apontado como o maior motivo para aqueles que se dizem infelizes no trabalho – metade deles deu essa resposta.

A pesquisa também aponta que 28% das pessoas considerariam mudar de cidade por uma proposta de emprego melhor. "Essa é a maior evidência de que o salário é uma determinante muito importante", diz Hidalgo.

Segundo o economista Fábio Tadeu Araújo, a remuneração é o que justifica a alta rotatividade em algumas profissões. "Existe um ritmo muito alto de abertura de postos de trabalho que pagam até três salários mínimos", afirma.

Diferenças

Mesmo assim, Araújo alerta que existem outros motivos que na prática fazem com que as pessoas troquem de emprego. "A pessoa pode não se dar conta na hora de responder a pesquisa, mas, mesmo com um salário bom, é muito difícil suportar um ambiente de trabalho hostil", completa Araújo.

A realidade é bem diferente para cargos de gerência e diretoria, de acordo com a gerente de consultoria da Michael Page no Brasil, Patrícia Tourinho. Segundo ela, nas sondagens de seleção de executivos, reclamações sobre a relação com a chefia ou o ambiente de trabalho são mais frequentes que queixas em relação à remuneração.

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