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Marco Salgado investiu R$ 200 mil no Nebraska Burgers. Enquanto nova lei não sai, ele trabalha em eventos | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Marco Salgado investiu R$ 200 mil no Nebraska Burgers. Enquanto nova lei não sai, ele trabalha em eventos| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Normas

Regulamentação deve mudar perfil dos vendedores ambulantes

Curitiba tem 1,3 mil vendedores ambulantes de comida regularizados, dos quais 66% trabalham com cachorro-quente, caldo de cana e pipoca. A legislação atual permite apenas carrinhos e barracas fixas. Caso seja aprovada, a lei de food trucks deve impulsionar mudanças nesse quadro.

Para a consultora do Sebrae Maria Isabel Guimarães, que ministra cursos de qualificação para vendedores de comida de rua, existe preocupação dos pequenos empreendedores em aprimorar os negócios. Um curso gratuito de boas práticas no manuseio de alimentos, que será oferecido em parceria com o Sesi até outubro, por exemplo, teve demanda bem acima do número de vagas.

"Vários feirantes estão comprando trailers, por exemplo. Falam que se soubessem que era tão fácil teriam feito antes. Montar a barraca consome muito tempo, e o trailer tem refrigeração, é mais higiênico. O ganho é muito maior", diz Maria Isabel. O investimento em um trailer varia de R$ 25 mil a R$ 30 mil.

O Sebrae tem encaminhado feirantes a linhas de financiamento voltadas para microempreendedores. Há opções no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Agência de Fomento do Paraná, Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e em cooperativas.

Também entrou no Senado neste ano um projeto de lei que tenta garantir isenção de do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de automóveis para o trabalho – entre eles, quiosques, trailers e feiras. Hoje, apenas taxistas e pessoas com deficiência têm esse benefício.

A expectativa de que Curitiba logo terá uma lei para regulamentar os food trucks – veículos com cozinha adaptada para oferecer comida na rua – anima empresários. O projeto de lei, que já foi protocolado na Câmara, ainda está sendo discutido com a prefeitura, mas já há quem esteja se preparando para aderir ao modelo. Se aprovada, a norma deve permitir que os food trucks funcionem mais perto da fórmula original americana, circulando e parando em diferentes pontos da cidade ao longo do dia.

INFOGRÁFICO: Veja quantos pontos de comida o curitibano encontra nas ruas

O investimento é alto – inclui os custos de uma caminhonete adaptável e da reforma, ou do trailer feito sob encomenda. Na visão dos empreendedores, a cidade oferece oportunidades em regiões de grande circulação de pessoas e poucos restaurantes: praças, parques e até bairros, como o Centro Cívico. Atualmente, os veículos podem apenas parar em eventos particulares, com alvarás temporários.

Uma iniciativa é o Nebraska Burgers, cuja caminhonete adaptada ficou pronta em maio. Marco Salgado, 30 anos, apostou na ideia que conheceu dez anos atrás, quando morou nos Estados Unidos. Investiu R$ 200 mil, sendo R$ 80 mil no financiamento da caminhonete e outros R$ 60 mil na adaptação.

Enquanto espera a regulamentação, Salgado participa de eventos. Seus hambúrgueres custam em torno de R$ 15. A ideia é matar a fome de quem tem pouco tempo para almoçar. "O tíquete médio em São Paulo é de R$ 20. É esse o conceito: comida barata e de qualidade", diz.

Oficinas especializadas já notam aumento de procura. Na fábrica de Evandro Araújo, em Colombo, antes as encomendas eram só de empresários paulistas. No momento, três caminhonetes estão sendo adaptadas, a custos que vão de R$ 30 mil a R$ 150 mil. "Está todo mundo atrás disso. Alguns nem sabem quando a lei vai sair, mas há uma grande procura", diz.

Deve ocorrer no fim do mês uma nova discussão com a prefeitura para alinhar o texto final do projeto do vereador Helio Wirbiski (PPS). No texto original, a lei abrangeria diferentes veículos, de vans a trailers. Mas a definição esbarra em questionamentos de órgãos municipais. A Secretaria de Trânsito (Setran), por exemplo, tem restrições sobre trailers externos – teme que prejudiquem o tráfego.

Empresários estudam criar uma associação para participar das discussões. Eles elogiam o fato de Curitiba ter se adiantado ao possível boom – São Paulo teve dificuldades em regrar um setor já estabelecido –, mas temem um excesso de limitações. "É preciso regras para que não vire bagunça, mas não se pode limitar a criatividade, que é a essência de um food truck", diz Pedro Américo Duarte, 27. Com dois amigos, ele fundou a #PartiuTemaki, que lançará, em novembro, durante o Brasil Motorcycle Show, um trailer para vender comida japonesa na rua.

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