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O Brasil deverá destinar mais cana para a produção de etanol se os preços do açúcar no mercado internacional continuarem nos atuais patamares, afirmou o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari, nesta quinta-feira (8).

Desde que atingiu o maior patamar em 29 anos a 30,40 centavos de dólar por libra-peso em 1o de fevereiro, o mercado de açúcar perdeu quase a metade de seu valor.

"Dependendo dos preços relativos, deve ocorrer um direcionamento de mais ATR (açúcares totais recuperáveis) para o etanol, mais do que estamos prevendo", afirmou Nastari, lembrando que quando as suas primeiras previsões para a nova temporada 2010/11 foram feitas, os preços do açúcar no mercado internacional ainda não tinham caído tanto.

Em 10 de março, a Datagro estimou que as usinas do centro-sul do Brasil, que responde por 90 por cento da produção nacional, elevariam a quantidade de cana usada na produção para o etanol 57,1 por cento em 2009/10 para 58 por cento na nova safra.

"O Brasil pode surpreender aqueles que apostam em um colapso do mercado de açúcar", ressaltou ele, indicando que o maior produtor e exportador mundial da commodity tem a opção de produzir mais o biocombustível em um cenário de preços deprimidos para o açúcar.

De acordo com Nastari, "o forte aumento do consumo de etanol dará sustentação aos preços (do açúcar), o grande fundamento do mercado passa a ser o Brasil", disse ele em um evento promovido pela Cosan para funcionários e clientes.

Ele disse ainda que é difícil fazer previsões sobre os preços do etanol para o mercado interno neste ano, mas destacou a tendência de que os preços sejam "mais sustentados".

De acordo com Nastari, o consumo no Brasil -- que já atingiu 50 milhões de litros por dia, caindo para 20 milhões nos momentos mais críticos da entressafra -- está se recuperando. Diante do crescimento da frota flex, o consumo deverá crescer para 60 milhões de litros ao dia durante o pico da nova safra, o que deixará os preços firmes em um momento em que tradicionalmente as cotações tendem a cair com uma maior oferta.

Nastari observou que a sua previsão de uma moagem de 590 milhões de toneladas no centro-sul do Brasil, feita em março, já levava em consideração um início de temporada mais chuvoso como o que se vê atualmente.

Esse volume representa um aumento de quase 60 milhões de toneladas em relação às 532,5 milhões de toneladas no processamento da região na safra 09/10.

Ele destacou ainda que está se encerrando um período de forte influência do fenômeno climático El Niño e que em meados do ano deverão prevalecer padrões do La Niña, de um clima mais seco, que vai colaborar para um bom andamento da moagem no centro-sul.

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