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Venda de frangos em pedaços do Paraná para o exterior cresceu 17% neste início de ano | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Venda de frangos em pedaços do Paraná para o exterior cresceu 17% neste início de ano| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Milho

O Paraná registrou uma forte queda nas exportações de milho no primeiro trimestre deste ano. O grão, que era o segundo na lista de itens que saiam do estado para outros países no início de 2013, teve queda de 65% nas vendas ao exterior em 2014 e agora é apenas o sétimo produto mais embarcado no Paraná.

Cliente fiel

Mesmo em crise, Argentina importa mais produtos paranaenses

Ao contrário do que se temia no começo do ano, a crise argentina não puxou para baixo o resultado da balança comercial paranaense. Mesmo em uma situação econômica complicada, o país vizinho aumentou o volume de produtos importados do estado. Na comparação dos primeiros trimestres de 2014 e 2013, as embarcações para os "hermanos" aumentaram 29%. Neste ano, foram enviados US$ 405 milhões em itens produzidos no Paraná, frente a US$ 313 milhões no ano passado. As importações paranaenses de produtos argentinos também diminuíram perto de 30%.

Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o resultado foi uma surpresa agradável. "A impressão que se tem é que a crise está aqui no Brasil, e não do outro lado", brinca.

Recuperação

O temor era de que a crise econômica e cambial argentina fosse mais severa para as negociações internacionais do país. Em janeiro, inclusive, a queda nas vendas brasileiras para o país foi o grande motivo para que o Paraná fechasse a conta da balança em déficit. O setor automotivo tem sido um dos mais afetados.

No entanto, nos dois meses seguintes o resultado terminou positivo, o que aliviou os resultados do estado. "Os empresários aprenderam a lidar melhor com o mercado argentino. Os últimos anos foram bem complicados e ensinaram os paranaenses", diz o professor de Economia Internacional da UEL, Rodrigo Zalessi.

Opinião

É bom não contar com o milho

Cassiano Ribeiro, editor de Agronegócio da Gazeta do Povo

De protagonista ao lado da soja, o milho assume em 2014 o papel de coadjuvante na balança comercial do Paraná, que é o segundo maior produtor nacional do grão. Nos últimos dois anos, os embarques nacionais e, consequentemente do estado, foram favorecidos por uma das piores quebras de safra da história dos Estados Unidos.

O país do Hemisfério Norte, que tradicionalmente abocanha maior fatia do mercado internacional, deu ao Brasil a oportunidade de vender mais que o dobro do que vinha vendendo para outros países. De menos de 10 milhões de toneladas, os embarques nacionais de milho saltaram para mais de 20 milhões de toneladas entre os ciclos 2010/11 e 2012/13.

Mas, com a retomada da produção da commodity nos Estados Unidos, o mercado para o produto brasileiro ficará limitado neste ano. E além dos norte-americanos, outros players, como Argentina e Ucrânia, despontam com potencial para abastecer os importadores. Ou seja, a disputa pelo mercado internacional será acirrada.

E do lado da demanda, surge a China como novo cliente. O país já lidera as importações de soja no mundo e indica que vai precisar também de mais milho estrangeiro, inclusive do Brasil. O tamanho da compra, porém, é incerto. Fala-se em 5 milhões de toneladas.

Mas, ainda que as vendas externas se igualem ao número do ano passado, a tendência é que o faturamento com o comércio de milho fique abaixo do registrado em 2013. Isso porque a previsão de aumento da oferta global do produto, intensificado pela colheita norte-americana no segundo semestre, pressiona os preços do grão no mercado.

A balança comercial do Pa­raná melhorou no primeiro trimestre deste ano. Apesar da manutenção do déficit, a diferença entre importações e exportações do estado diminuiu 75,9% em relação aos três primeiros meses do ano passado. Grande parte deste resultado se deve à boa performance na produção de grãos e na retomada da exportação de veículos.

Confira dados sobre o déficit na balança

Em 2013, o déficit da balança paranaense entre janeiro e março foi de US$ 987 milhões. No mesmo período deste ano, caiu para US$ 237 milhões. Para alcançar esse resultado, as importações caíram 10,9%, de US$ 4,4 bilhões no ano passado para US$ 3,9 bilhões nos primeiros meses deste ano, e as exportações cresceram 7,7%, saltando dos US$ 3,4 bilhões no mesmo período em 2013 para US$ 3,7 bilhões em 2014.

O resultado vai na contramão do saldo nacional, que se manteve com déficit crescente. A diferença entre importações e exportações no país aumentou 17% no primeiro trimestre, de US$ 5,1 bilhões em 2013 para US$ 6 bilhões neste ano.

Força do campo

A soja foi o grande propulsor da melhora do cenário. Os embarques da oleaginosa produzida no estado cresceram 83%. O produto, que já era líder na pauta de exportações do estado, com participação de 15% no total que o Paraná vende para outros países, aumentou sua fatia entre os itens exportados. Nos primeiros meses deste ano, a soja representou um quarto de tudo que saiu do estado para o exterior.

Para o professor de Eco­no­mia Internacional da Uni­­versidade Estadual de Lon­drina, Rodrigo Zalessi, a redução dos estoques norte-americanos de grãos ao longo dos últimos meses foi fundamental para que o estado colhesse bons resultados. "Este ano, devemos fechar com recorde de embarques de soja."

A carne de frango e o óleo de soja também lideraram a lista de produtos exportados. "Tradicionalmente, o agronegócio lidera os resultados da balança comercial do estado. A diferença é que neste ano não tivemos nenhum grande problema climático e nem quebra de safra que prejudicasse as contas", explica o economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econ­ômico e Social (Ipardes), Francisco Castro.

Entre as importações, o fator mais impactante para a queda foi o menor volume de petróleo comprado pelo estado. Ano passado foram gastos US$ 443 milhões na compra do produto e neste ano o valor caiu 37%, para US$ 278 milhões. "No ano passado a importação foi recorde, especialmente para o Paraná. Neste ano, a importação brasileira continua bastante forte, mas a base de comparação paranaense é muito alta, o que resulta em uma queda em relação a 2013. Mesmo assim, os patamares são elevados", afirma o especialista em petróleos e derivados da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Marcos Chimeda. Mesmo com a queda, o produto se mantém no topo da lista de importações, representando 7% de todos os produtos que são embarcados para o estado.

Exportação de veículos leves aumenta 65%

A venda de automóveis para o exterior também foi fundamental para a diminuição do déficit na balança comercial do estado. Mesmo com a queda nas exportações das unidades paranaenses da Volvo e da Volkswagen, a retomada de produção da fábrica da Renault segurou o crescimento de 65% nos embarques de carros. De janeiro a março do ano passado, o Paraná exportou o equivalente a US$ 92 milhões. No mesmo período de 2014, o estado recebeu US$ 152 milhões.

A diferença se deu, fundamentalmente porque a montadora francesa esteve parada nos dois primeiros meses de 2013 para uma reforma completa nas suas linhas, o que derrubou o valor das exportações de veículos paranaenses no ano passado. No caso específico da Renault – segunda empresa do estado que mais exportou, somente atrás da BRF –, o crescimento em relação ao ano passado foi de 90%.

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