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O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, apresentou ontem uma proposta para elevar a arrecadação que qualificou como um "orçamento de guerra", que vai aumentar os impostos sobre as grandes empresas e os contribuintes mais ricos. Segunda maior economia da zona do euro, a França se comprometeu com uma tarefa delicada: abaixar o deficit público, que deve atingir 4,5% do PIB neste ano, para 3% no ano que vem. "É um orçamento de combate para lutar contra uma dívida que não para de aumentar, pela justiça social, pelo crescimento e a preparação do futuro", declarou Ayrault. "Se desistirmos deste objetivo, logo em seguida as taxas vão subir e vamos estar na situação da Itália, Espanha."

O próprio governo chamou esse esforço fiscal de "ajuste sem precedentes", e visa melhorar as condições financeiras do país, no momento em que sua dívida pública bateu a casa dos 91% do PIB (mais de 1,8 trilhão de euros). Com esse objetivo, a proposta orçamentária para 2013 prevê poupar mais de 30 bilhões de euros (R$ 78,3 bilhões) no ano que vem, tanto por meio do corte de gastos quanto pelo aumento de impostos. Desse montante, o governo francês quer arrecadar 6,2 bilhões de euros somente com o aumento de impostos para os contribuintes com renda anual superior a 150 mil euros (pouco mais de R$ 390 mil), com alíquotas na casa dos 45%, chegando a 75% para os contribuintes com renda superior a 1 milhão de euros (R$ 2,61 milhões).

Para justificar o aumento, o governo alega que somente 2 mil pessoas se encaixam no último caso. Outros 10 bilhões de euros de esforço fiscal viria de aumento de impostos para grandes empresas, com o fim da isenção para as operações de fusão e aquisição.

O governo também pretende cortar na carne, planejando cortes da ordem de 10 bilhões de euros em gastos públicos. A tarefa vai ser agravada pelas pobres perspectivas econômicas da França no curto prazo. O gabinete de Ayrault prevê um crescimento do PIB de somente 0,3% neste ano, acelerando para 0,8% no ano que vem.

Histórico

De acordo com economistas, o esforço fiscal será o maior da história. "Um ponto e meio de PIB de redução do déficit é considerável. Mas, sobretudo, em período de crescimento zero, é excepcional, nunca existiu", declarou Elie Cohen, diretor de pesquisa no CNRS (Centro Nacional da Pesquisa Científica). "É algo jamais visto", confirmou Eric Heyer, do Observatório Francês das Conjunturas Econômicas.

A adoção do projeto de lei das finanças acontece dois dias após o anúncio da existência de mais de 3 milhões de desempregados na França, um número jamais ultrapassado desde 1999. O texto prevê a supressão de 12.298 postos de trabalho dos ministérios não prioritários, enquanto haverá a criação de cerca de 11.000 postos na Educação, Justiça e Polícia.

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