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Na posição de maior oferta pública de ações do mercado norte-americano em 18 meses, a venda das ações da unidade brasileira do Banco Santander provavelmente atrairá bastante demanda na próxima semana, mesmo com alguns investidores titubeando sobre o preço das ações.

O banco poderá arrecadar até 15,6 bilhões de reais (8,78 bilhões de dólares) com o IPO, valor recorde para uma empresa brasileira e o maior do mundo desde a oferta de ações da Visa Inc em março de 2008.

A unidade do maior banco da Espanha, Santander, pode se beneficiar de uma leva de fundos de ações de mercados emergentes e das expectativas de crescimento do crédito no país, maior economia da América Latina.

Ainda assim, mesmo após saltar 63 por cento na Bovespa neste ano, o mercado de ações no país pode ser um tanto caro. Dúvidas sobre a lucratividade do Santander Brasil e forte concorrência do Itaú Unibanco e Bradesco, os dois maiores bancos privados do país em termos de ativos, também podem afetar a demanda pelas ações.

"É óbvio que o Santander é uma companhia de qualidade espetacular, mas em termos de estrutura de ativos, rentabilidade e o fato de que eles talvez tenham que distribuir todo aquele capital...talvez o preço seja um pouco ambicioso", disse Clecius Peixoto, que ajuda a gerir 18 bilhões de dólares em mercados acionários emergentes na Emerging Markets Management LLC em Arlington, Virgínia.

Peixoto afirmou ainda que a oferta do Santander Brasil "não é nenhuma pechincha", mas considera comprar as ações devido às projeções de crescimento do país.

A relação entre preço e lucro do Santander Brasil é de cerca de 14 vezes, não muito diferente da média de 14 a 15 de seus concorrentes Bradesco e Itaú Unibanco.

O fato de o banco já ter dois fortes rivais pode forçá-lo a abaixar o preço do IPO, segundo o analista da Renaissance Capital Nick Einhorn.

"É difícil quando se tem duas boas comparáveis. As pessoas querem um desconto no IPO, especialmente porque estão tentando colocar um preço sobre 7 bilhões de dólares em ações. Você tem que fazer com que pessoas o suficiente fiquem felizes com o preço", acrescentou.

A subsidiária brasileira do Santander está ofertando 525 milhões de units em Nova York e em São Paulo, cada uma representando 55 ações ordinárias e 50 preferenciais, segundo o prospecto preliminar da empresa.

O banco irá oferecer as units por entre 22 e 25 reais cada. O valor final sairá em 6 de outubro, terça-feira.

As ações irão estrear na bolsa de São Paulo no dia 7 de outubro sob a sigla "SANB11", e na bolsa de Nova York sob a sigla "BSBR".

Demanda saudável

O Banco Santander será o principal coordenador da oferta, junto com o Credit Suisse, Merrill Lynch e BTG Pactual.

O IPO será o maior da história do Brasil, superando o recorde anterior, quando a empresa de cartões de crédito VisaNet levantou 8,4 bilhões de reais, em junho. A oferta também será a maior nos EUA desde o IPO de 19,5 bilhões de dólares da Visa, em março de 2008.

A operação do Santander deve se beneficiar da grande entrada de fundos de ações e do aumento no apetite por risco entre investidores internacionais, que tipicamente compram dois terços dos IPOs no Brasil.

O centro de estudos EPFR Global afirmou que a entrada de investimentos em fundos de equity de mercados emergentes globalmente atingiu seu nível mais alto em 39 semanas na terceira semana de setembro. A entrada de capital desde o começo do ano atingiu um total de 18,2 bilhões de dólares, ante a saída de 12,2 bilhões de dólares no ano anterior.

O Brasil está no topo da lista para muitos administradores de fundos para mercados emergentes, depois da China, segundo o EPFR.

"A demanda por essa operação será bem saudável", disse o estrategista de IPOs da Morningstar IPO Services, Bill Buhr. "Um negócio desse tamanho é um bom indicador de que os mercados globais definitivamente viraram".

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