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Ritmo

Mercado está mais lento

A geração de empregos no Paraná foi duramente afetada em dezembro do ano passado, quando quase 50 mil postos de trabalho foram fechados. Naquele mês ocorreu a maior parte das demissões causadas pela crise financeira internacional. O polo automotivo de Curitiba e região metropolitana e os setores metalmecânico e de alimentos, tanto na capital como no interior do estado, dispensaram milhares de trabalhadores. Desde então, houve uma recuperação que já repôs essas vagas – nos primeiros oito meses deste ano, foram abertos 61,8 mil postos de trabalho. Em agosto, foram mais de 14 mil, distribuídos por empresas de todos os portes.

Pós-crise

Assim, as microempresas devem deixar nos próximos meses de concentrar o saldo de empregos abertos no pós-crise. Apesar da recuperação em relação ao momento mais forte da crise, a geração de empregos está mais lenta. Em janeiro deste ano, o crescimento acumulado em 12 meses no saldo de pessoas empregadas no estado estava em 5%. Antes do fechamento dos 50 mil postos de trabalho de dezembro, a expansão anual estava acima de 6%. Em agosto, a variação em 12 meses foi de apenas 1,7%.

O fato de a crise econômica ter batido de forma dura em grandes empresas, em especial as exportadoras, pode ter alimentado o em­­preendedorismo. "É possível que tenha havido uma realocação de pessoas que trabalhavam em grandes empresas, foram demitidas, e decidiram empreender", diz o economista Luiz Alberto Esteves, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Esse grupo acaba engrossando um batalhão de pessoas que vinham se organizando para tirar do papel o sonho de abrir um negócio próprio e que não foram intimidadas pela crise. "Os projetos mais comuns são no comércio e na prestação de serviços simples porque as pessoas entendem que são mais fáceis de administrar, precisam de investimento menor e não têm de ter muitos funcionários", conta José Ricardo Castelo Campos, gerente regional do Sebrae.

O perfil do empreendedor brasileiro ainda é menos sofisticado do que em países desenvolvidos. Por aqui, para cada dois empresários que abrem um negócio porque enxergam uma oportunidade, há um que o faz por necessidade. Nos Estados Unidos são seis por oportunidade para cada abertura por necessidade. "É um cenário que está melhorando. Há pouco tempo tínhamos uma razão de um para um", destaca Paulo Bastos, pesquisador da equipe que coordena o projeto Global Entre­pre­neurship Monitor (GEM) no Instituto Brasileiro de Qua­lidade e Produtividade (IBQP). Essa evolução, segundo ele, melhora a qualidade dos negócios e dá mais segurança para o empreendedor, o que ajuda a explicar a resistência da geração de empregos em microempresas.

Sinal amarelo

A geração de empregos somente em microempresas, porém, não é um bom sinal se ela persistir por muito tempo. Isso porque os salários no Brasil são proporcionais ao tamanho da empresa e dificilmente esses pequenos negócios têm capacidade de empregar mão de obra qualificada. "Na microempresa, o papel da gerência fica com o dono. São as companhias maiores que criam empregos mais bem pagos e que absorvem pessoas com boa formação", explica o economista Christian Luiz da Silva, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Em dezembro de 2008, o salário médio no país em empregadores com até quatro funcionários era de R$ 723, enquanto empresas com quadro de pessoal com mais de mil pessoas pagavam em média R$ 2.144.

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