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São Paulo – Durou pouco a primeira tentativa de aquisição hostil feita por uma empresa brasileira. A Sadia revogou ontem a oferta pública para a compra da Perdigão, cinco dias depois de tê-la lançado.

A proposta, anunciada oficialmente na segunda-feira, previa um valor de R$ 27,88 por ação da Perdigão, o que dava à empresa um valor de R$ 3,7 bilhões. Essa oferta foi recusada, sob a alegação de que o valor era baixo. Na quinta-feira, a Sadia voltou à carga, elevando sua oferta para R$ 29,00 por ação (ou R$ 3,88 bilhões pelo total da empresa). Novamente, a proposta foi recusada.

O comando da Sadia tentou até o último minuto convencer os fundos de pensão, principais acionistas da Perdigão, a negociar. Na quinta-feira, a direção da empresa teve uma reunião com a direção dos fundos. "Foi uma conversa fria. A sensação que ficou do encontro foi a de que eles não queriam uma nova oferta", disse Walter Fontana, presidente do conselho de administração da Sadia.

Na avaliação preliminar do processo, a Sadia concluiu que a "forma (de oferta pública) não funcionou". E isso pelo fato de a Perdigão, embora alegue ter controle pulverizado, ainda não ter efetivamente um controle difuso. "O que ficou claro é que se o controle fosse pulverizado, os fundos não teriam força para barrar a proposta como barraram", disse Fontana. A Perdigão não comentou a desistência da Sadia e a avaliação sobre a forma de controle da companhia.

O desempenho econômico da Perdigão pode ter reforçado a recusa. Segundo a direção da empresa, os fundos obtiveram rentabilidade anual de 25% acima da variação cambial durante 11 anos seguidos, e o negócio tem crescimento anual de 14%.

Para o mercado, ficou a sensação de que a Perdigão foi a grande beneficiada com a ofensiva. As ações dispararam, as avaliações sobre o valor da empresa inflacionaram.

Além disso, ganhou a chance de explorar a situação em campanha publicitária. A Perdigão surpreendeu ao publicar, ontem, em jornais de circulação nacional, um amplo anúncio em que dá "parabéns" à concorrente Sadia. Em página dupla, o texto diz: "Que a Perdigão está crescendo num ritmo acelerado todo mundo já sabia. Que a qualidade dos produtos Perdigão é cada vez mais reconhecida pelos consumidores, também. O que ninguém sabia é que até a Sadia percebeu isso. Parabéns ao nosso concorrente por concluir o que todo mundo sabe". E conclui: "Perdigão. Todo mundo adora. Até o concorrente."

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