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Prédio em construção no Centro de Curitiba: setor dispensou 1,9 mil pessoas em maio | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Prédio em construção no Centro de Curitiba: setor dispensou 1,9 mil pessoas em maio| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Economistas e especialistas em trabalho são unânimes em dizer que está cada vez mais distante a meta de gerar de 1,7 milhão de empregos neste ano, como chegou a prever o governo. A perda de fôlego do mercado de trabalho, que ficou mais evidente nos últimos meses, deve se acentuar e cresce a possibilidade de que o desemprego, hoje em 5,8%, possa subir no segundo semestre.

INFOGRÁFICO: Abertura de vagas diminuiu, invertendo a tendência verificada em 2012

O sinal amarelo veio com a divulgação dos dados do mercado de trabalho em maio. No mês, o país gerou apenas 72 mil vagas – o pior resultado dos últimos 21 anos, segundo o Cadastro Geral e Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. Em maio do ano passado, o saldo de vagas tinha sido de 139,7 mil.

No Paraná, o saldo de empregados ficou em 9,7 mil, 17,3% menor do que em maio do ano passado. A frustração com a retomada da economia, a inflação e a alta dos juros pesam negativamente para o mercado de trabalho, que até agora tem sido um dos pontos de resistência da economia brasileira. O emprego tem ajudado, juntamente com a renda, a sustentar o consumo e evitar que a disparada da inadimplência.

Na avaliação do economista Lucas Dezordi, coordenador do departamento de economia da Universidade Positivo (UP), porém, o desemprego poderá subir nos próximos três meses, com o desaquecimento da geração de vagas. "Há uma mudança na tendência do mercado de trabalho. As empresas que viram os salários crescerem mais que a produtividade começam a fazer ajustes", diz. A consultoria Tendências projeta que, se a economia não se recuperar, há o risco de que o emprego possa ser afetado no próximos meses.

O setor de construção, que é um dos maiores empregadores do país, cortou 1,9 mil vagas em maio. A indústria da transformação, por sua vez, gerou 42% menos empregos em relação ao mesmo período do ano passado, com 15.754 vagas. O comércio, que em maio do ano passado tinha gerado 9,7 mil empregos, nesse criou apenas 36 empregos. Segundo o economista Julio Suzuki, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), a conjuntura macroeconômica não é favorável, o que afetará, de alguma maneira, o emprego.

A taxa de desemprego no Brasil está em níveis historicamente baixos, segundo o IBGE. Mas, após chegar ao menor patamar em dezembro do ano passado, de 4,6%, o desemprego no país subiu nos últimos meses e se manteve estável em maio. Ainda assim é a menor da série para o mês desde 2003. Em Curitiba, a taxa de desocupação, calculada pelo Ipardes, foi de 3,9%. Segundo Suzuki, a situação do emprego vai depender de que tipo de ajuste o governo fará para driblar a piora no quadro fiscal, de inflação e de crescimento da economia.

Estima-se que a alta dos juros, por exemplo, pode ter um impacto de até um ponto porcentual na taxa de desemprego. Juros mais altos desaceleram consumo e prejudicam as empresas, que seguram investimentos e contratações.

Para o Dieese, crescimento sustenta renda e emprego

Apesar do resultado mais fraco no emprego em maio, o Departamento Intersidical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) estima que a desaceleração foi pontual e prevê uma melhora do cenário. "A economia vai crescer mais em 2013, em torno de 3%, então é de se esperar que o emprego cresça e o desemprego registre até uma queda", afirma Fabiano Camargo da Silva, técnico do Dieese no Paraná.

Segundo ele, apesar da redução do saldo de vagas, o mercado de trabalho continua com a demanda aquecida, o que deve inclusive puxar para cima salários em áreas onde há escassez de mão de obra. "Tanto que na maioria das negociações salariais desse ano estão sendo conquistados reajustes acima da inflação", diz. Para ele, a análise de que os salários subiram mais do que a produtividade precisa ser contextualizada. "Se olharmos para os dois últimos anos, isso ocorreu. Mas se computarmos os anos anteriores vamos ver que a renda cresceu menos do que a produtividade. Com isso, não há justificativa para cortes nas empresas", diz.

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