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Quem já perdeu um emprego sabe que a sensação, muitas vezes, é de perda da própria identidade. Sem o "sobrenome" da empresa, como se apresentar ao telefone? Normalmente, podem se passar semanas até que a pessoa se reestruture e "vá à luta". Essa talvez seja a hora mais difícil: encarar, dia após dia, a procura por outra atividade. O que fazer para diminuir a ansiedade e para aumentar as chances de ser empregado novamente?

Para Andréia Conceição, de 33 anos, a resposta veio na forma de cursos. Ela ficou desempregada quando a senhora de quem era cuidadora foi internada em uma clínica. Havia sido sua primeira experiência profissional, além de costurar para fora. E como ela gostou do trabalho, decidiu se aperfeiçoar: entrou para um curso de enfermagem e procurou cursos de capacitação. O primeiro foi sobre o desenvolvimento de habilidade e competência, que lhe deu bases para procurar emprego, ética no trabalho e trabalho em equipe. "Eram coisas que eu nem conhecia. Eu vivia num mundinho em que tudo era sempre igual", conta.

O segundo curso foi de informática. "Quero poder trabalhar em posto de saúde, e todos eles têm computador", diz. Agora ela procura emprego na área e faz estágio em postos 24 horas. Garante que não vai desanimar, com a ajuda de todas as coisas novas que tem descoberto.

É comum buscar aprimoramento na educação quando se está "parado". Mas a consultora Luciana Serafin, da De Bernt Entschev, faz uma ressalva: é bom analisar antes o que realmente se quer estudar. "Atualização é importante, mas não adianta gastar fortunas para se encher de pós-graduações que não se vai usar."

Uma idéia recorrente nos casos de quase desespero é abrir uma empresa. Clodoaldo Lopes do Carmo, da Primazia Consultores, considera um erro partir para um negócio próprio por falta de opção. Para ele, o desemprego pode ser considerado um momento de "desequilíbrio", quando se deve evitar a tomada de decisões por impulso.

Com exceção, é claro, dos casos em que a pessoa tem preparo – como aconteceu com o administrador de empresas Almir dos Anjos. Ele tinha 36 anos quando se viu fora da multinacional onde havia trabalhado nos 16 anos anteriores, desde que entrara na faculdade. Curitibano, ele havia sido transferido para Porto Alegre, e saiu da empresa por desejar voltar à cidade natal e crescer na carreira. Só não imaginava que levaria quatro anos para ser empregado novamente. "Era o ano de 1995, e o mercado curitibano não estava bom para o cargo de gerência média em que eu tinha experiência", conta.

"Sempre achei que ter muitos anos de casa era uma coisa boa, mas os head-hunters diziam que isso poderia ser encarado como acomodação", lembra. Depois de seis meses de procura, ele arregaçou as mangas, tomou coragem e foi atrás do franqueador da cadeia paulistana Big Pastel, que ele conhecera na capital gaúcha e ainda estava fora de Curitiba. "Eu era cliente fixo em Porto Alegre, pela qualidade do produto e limpeza do local", conta. Antes de abrir a franquia, ele estudou o mercado de pastéis da cidade. O negócio, movido pela necessidade, acabou preenchendo uma lacuna na cidade e foi, segundo ele, um sucesso. "Creio que fomos referência para outras marcas que vieram depois", diz. Com motivação renovada, ele também aproveitou convites que surgiram para prestar consultoria.

Em 1999, começaram a surgir oportunidades no setor de telecomunicações e ele acabou vendendo a franquia. Hoje é gerente de uma conta especial em operadora de telefonia. O período de vacas magras, para ele, foi um bom aprendizado – que, ainda assim, rendeu bons frutos.

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