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A presidente Dilma Rousseff definiu o atual aumento de preços no Brasil, de 8,47% acumulados nos últimos 12 meses — o maior desde 2003 —, como uma “inflação atípica”, provocada por causas conjunturais e não estruturais. Mas ela admitiu que os os atuais índices são preocupantes:

“Preocupam bastante, porque a inflação é um objetivo que nós temos de derrubar, e derrubar logo. O Brasil não pode conviver com uma taxa alta de inflação. Não pode, e não vai”, afirmou.

A presidente acredita que o Brasil voltará a crescer a partir do ano que vem, e que a crise atual é provocada em sua maior parte por fatores externos.

“Não acho que a população tem de consumir menos, pelo contrário, tem de continuar consumindo. Nós continuamos ainda com dois problemas. Um deles é a seca, que atingiu de forma atípica o Brasil. Nós estamos no terceiro ano de seca violenta no Nordeste. Isso afeta os preços dos alimentos. E se está também com um desempenho baixo, da última vez que vi, no Sul do país”, justificou em entrevista coletiva após sua participação na cúpula União Europeia Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na capital belga.

Como segundo fator de aumento da inflação, Dilma apontou as consequências do ajuste cambial. E citou a passagem de uma patamar de câmbio de US$ 1 para R$ 1,60 em 2012, passando para R$ 2,50 em 2014, até os R$ 3,17 atuais.

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“Este ajuste cambial não fomos nós que provocamos, nós sofremos o efeito dele. É sabido que ajuste cambial provoca essas oscilações, é passado para o preço. Esta passagem para o preço não acontece todos os dias, mas quando está essa flutuação. Sabe-se que o mundo vai ter outro processo que é a variação no juros americanos”.

Para a presidente, o ajuste fiscal do governo também não é estrutural:

“Não temos uma bolha de crédito. O Brasil não tem um sistema financeiro com problemas, nós não tivemos nenhuma situação que caracterize desequilibrio estrutural. Nós temos de fazer agora nosso ajuste, porque houve uma queda no crescimento. Nós fizemos de tudo: reduzimos impostos, ampliamos créditos, subsidiamos taxa de crédito, e agora esgotou nossa capacidade fiscal. E tem que recompor a capacidade fiscal e continuar”, disse.

Segundo ela, o Brasil não passa atualmente por um momento de austeridade:

“Nós fazemos um ajuste, mas nós não temos um desequíbrio estrutural. Nós continuamos com US$ 370 bilhões de reservas. Temos um sistema financeiro absolutamente sem bolha. O Brasil não tem um desequilíbrio fiscal estrutural. Nem os salários, pelo menos na União, têm um peso muito significativo”.

Marolinha virou onda grande

Ela confirmou as palavras do ex-presidente Lula, que em 2008 afirmou que a crise econômica mundial, se chegasse no Brasil, seria uma “marolinha”.

“Para nós, naquele momento, foi sim. Mas depois a marola se acumula e vira uma onda. Por que ela vira onda? Porque o mar não serenou. Se o mar tivesse serenado, se a economia americana tivesse, de fato, tido uma crise em V, ou seja, cai e depois sobe. Mas não foi isso. Agora é que está se curvando”.

Dilma alegou que a situação do Brasil frente a atual crise, é “completamente diferente”.

“Agora, todos os países, quando sofrem as consequências de uma crise desta proporção, têm de fazer os seus ajustes. E vamos lembrar que, além dos nossos problemas internos, a economia internacional, que estava em crise desde 2008, até hoje não se recuperou. Ela está andando de lado. Com 7% de crescimento da China, o menor em 25 anos, o crescimento do mundo ainda é de 2,8%.

A presidente ressaltou que apesar da lenta recuperação econômica europeia, os países emergentes votarão a crescer.

“Eu acredito que, apesar de o Banco Mundial dizer que tem problemas estruturais que levaram a uma recuperação mais lenta, vamos ter a partir do ano que vem um processo de recuperação nos emergentes. Apesar do fim do superciclo das commodities, acho que todos estes países, Brasil, China, África do Sul, Rússia, terão uma recuperação”.

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