O consumo ficou estagnado por praticamente um ano, as chuvas encheram os reservatórios e, ainda que aos trancos e barrancos, novas hidrelétricas vêm sendo liberadas e construídas. Essa combinação de fatores deveria assegurar a tranquilidade do abastecimento de energia elétrica agora que o país voltou a crescer em ritmo acelerado. Mas a confiança de grandes e pequenos consumidores tem sido testada nos últimos tempos, por eventos como as conturbadas negociações com o Paraguai, sócio do Brasil na hidrelétrica de Itaipu, o blecaute que atingiu 18 estados em novembro do ano passado e os "miniapagões" que deixaram várias cidades brasileiras sem luz neste verão.
Os desafios e os riscos do sistema elétrico brasileiro serão abordados amanhã, na primeira edição do Papo Financeiro um novo ciclo de debates promovido pelo caderno de Economia da Gazeta do Povo, com patrocínio da Caixa Econômica Federal e apoio da Câmara Americana de Comércio (Amcham). O convidado desta sexta-feira será o diretor-geral do lado brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, que falará a executivos de algumas das maiores empresas do Paraná.
No evento, Samek deve apontar as perspectivas para a oferta de energia e o crescimento econômico em 2010, e dar sua opinião sobre as fragilidades que especialistas veem no sistema elétrico nacional. E provavelmente abordará as negociações sobre a tarifa de Itaipu, nas quais o Brasil se comprometeu a elevar de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões o valor anual pago ao Paraguai pela "cessão da energia excedente". A proposta, que tende a encarecer o custo da energia no mercado brasileiro, está no Congresso desde novembro, mas até agora não foi debatida.
Plena carga
Depois de recuar 0,7% em 2009, principalmente em razão da retração da indústria, o consumo de eletricidade está quase 12% maior neste ano, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). Embora tenha crescido em março, a participação da energia de Itaipu no Sistema Interligado Nacional (SIN) foi reduzida após o apagão de novembro, caindo dos 18% habituais para menos de 14% mais recentemente.
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