• Carregando...
Dirigentes do Fed lançaram as bases para uma terceira rodada de compra de títulos para tentar reaquecer a maior economia do planeta | Lucas Jackson/Reuters
Dirigentes do Fed lançaram as bases para uma terceira rodada de compra de títulos para tentar reaquecer a maior economia do planeta| Foto: Lucas Jackson/Reuters

Três dirigentes do Federal reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) lançaram nesta segunda-feira (9) as bases para uma terceira rodada de compra de títulos, dizendo que a recuperação do país está sendo fraca e o desemprego, alto demais.

"Nós estamos bem nessa margem, de que se os dados econômicos continuarem abaixo de nossas expectativas - e nosso ponto de vista é que não está havendo progresso em nossa gestão, ou não prevemos progresso em nossa gestão -, por isso, acho que vamos precisar de mais expansão monetária", disse a repórteres o presidente do Fed em São Francisco, John Williams, depois de um discurso na região de Coeur D'Alene, no estado de Idaho.

Mas, numa evidência das divisões no Banco Central dos EUA, o presidente do Fed em Richmond, Jeffrey Lacker, reiterou sua oposição a uma nova rodada de estímulos, em entrevista à rádio da Bloomberg.

O Fed vem mantendo as taxas de juros de curto prazo próximas de zero desde dezembro de 2008 e indicou que iria deixá-las nesse patamar até pelo menos o fim de 2014, para impulsionar a economia. O banco aprovou duas rodadas sem precedentes de afrouxamento monetário, tendo comprado US$ 2,3 trilhões em títulos de longo prazo para empurrar para baixo o custo dos empréstimos.

No mês passado, depois de uma série de notícias decepcionantes sobre a economia, o Fed cortou sua projeção de crescimento do país, mas tomou apenas uma medida modesta no afrouxamento monetário, adicionando seis meses à chamada Operação Twist, pela qual busca reduzir as taxas por meio da venda de títulos de curto prazo e compra de outros de longo prazo.

Depois da divulgação, na sexta-feira, de um relatório governamental mostrando que em junho as empresas aumentaram a oferta de emprego bem menos do que o esperado, economistas das principais firmas de Wall Street entrevistados pela Reuters avaliaram que as chances de uma nova rodada de afrouxamento monetário são de cerca de 70% - uma alta de 50% em relação a 20 de junho.

Desemprego

Williams, participante este ano do painel que estabelece a política do Fed, disse que cortou sua projeção de crescimento para o próximo ano e meio, e agora avalia que a taxa de desemprego, atualmente em 8,2%, fique acima dos 8% até a segunda metade de 2013.

Ao mesmo tempo, avalia que os preços em queda das commodities, o dólar em alta e a redução no custo da mão de obra vão elevar a inflação para 1,25% este ano e 1,75% em 2013, abaixo da meta projetada pelo Fed, de 2%.

"Minha previsão inicial está exatamente nesse ponto onde nós não vamos de fato obter progresso até o próximo ano, ano e meio", disse ele. "Nesse tipo de condição, eu diria que é necessário um estímulo adicional." Ele acrescentou que seria melhor se isso fosse feito na forma de compra de títulos hipotecários.

Em declarações prévias em Bangcoc, duas das autoridades mais linha-duras do Fed foram ainda mais inflexíveis.

"É necessário um arranjo monetário extra para impulsionar mais rapidamente a produção até o seu nível pleno", disse o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, durante o Sasin Bangkok Forum. "As circunstâncias econômicas autorizam um arranjo extremamente forte."

Falando no mesmo fórum, o presidente do Fed em Boston, Eric Rosengren, endossou essa posição, ao afirmar prever crescimento mais lento e desemprego mais alto do que a maioria dos seus colegas.

"Até agora os dados têm sido fracos e eu mesmo faço uma previsão fraca", declarou a repórteres, após seu pronunciamento no fórum. "Acho que é adequado haver mais afrouxamento monetário."

Nenhum dos dois é atualmente membro com direito a voto sobre a política do Fed, mas ambos serão em 2013.

Inflação

Rosengren disse ainda no fórum avaliar que a inflação fique apenas por volta de 1,2% em 2012.

Evans também afirmou que as pressões salariais virtualmente são inexistentes e que a inflação provavelmente ficará na meta de 2% fixada pelo Fed, ou abaixo disso. Ele admitiu que defender uma política que tem como risco elevar a inflação, ainda que temporariamente, o deixa aberto a acusações de 'blasfêmia'.

No entanto, Evans comentou que, com o desemprego dos EUA na casa de vários pontos porcentuais acima do nível, a maioria considera sustentável que o Fed possa desejar tolerar 'uma alta transitória, modesta', na inflação para poder reduzir a falta de empregos.

Ao falar com os repórteres, Williams disse que também crê que uma alta temporária na inflação não seria preocupante, mas acrescentou que a inflação provavelmente vai ficar baixa porque o crescimento é lento.

A próxima reunião do Fed para discutir sua política será de 31 de julho a 1º de agosto, e depois em 12 e 13 de setembro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]