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Curitiba – Ao mesmo tempo em que tira o sono e o dinheiro dos exportadores brasileiros, o baixo preço do dólar frente ao real tem representado oportunidades para as empresas que estão com fôlego para investir em maquinário produzido no exterior. E as indústrias do país parecem estar aproveitando o momento favorável. Uma pesquisa elaborada pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) revela que a importação de bens de capital – utilizados para fabricar outros produtos – cresceu 31,8% de janeiro a outubro deste ano em relação aos primeiros dez meses de 2004.

Fernando Ribeiro, economista da Funcex, diz que esse desempenho tem dois motivos principais. "Em primeiro lugar, reflete o aumento geral dos investimentos no país. Além disso, parte desse crescimento ocorreu por conta do dólar mais barato." No Paraná o aumento das compras desses artigos foi menor, de 23%, mas superou a variação da soma de todas as importações paranaenses (14%). Dos US$ 3,78 bilhões importados pelo estado até outubro, US$ 980 milhões foram em bens de capital, como máquinas e equipamentos. Com isso, a participação desses produtos na pauta de importações do estado passou de 24% para 26% entre 2004 e 2005.

"Fala-se muito que em épocas como esta as empresas acabam adiando os investimentos. Mas há uma vertente que defende que o momento de se investir é este, o momento da crise", diz o diretor de relações internacionais da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. "A compra de máquinas e equipamentos é a chamada importação saudável", concorda Roberto Karam, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal-PR).

Karam lembra que a modernização do parque industrial aumenta a produtividade e, conseqüentemente, reduz os custos fixos das empresas. Para as exportadoras, isso pode significar no futuro a chance de recuperar ao menos parte da rentabilidade perdida devido à mesma valorização do real, que começou no segundo semestre de 2004. "Quando não se tem controle sobre o câmbio, o empresário precisa atuar sobre as áreas que pode controlar, como os custos", diz o coordenador de novos negócios da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Henrique Santos.

Mas, se por um lado beneficia a empresa que compra o equipamento, o câmbio pode estar tirando mercado das fabricantes nacionais. "A importação só é realmente saudável quando você compra máquinas estrangeiras que não têm similar no Brasil. Caso contrário, a indústria nacional sai perdendo", explica o presidente do Sindimetal. Segundo representantes da indústria, a substituição de máquinas nacionais por importadas, especialmente da China, já está ocorrendo. Barbato, da Abinee, avalia que o dólar caiu tanto que nem mesmo as tarifas de importação estão conseguindo barrar as estrangeiras.

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