O dólar fechou em forte queda ante o real pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, ficando abaixo de 2,35 reais na venda pela primeira vez em duas semanas em resposta à ação de investidores embolsando lucros e ao programa de intervenção do Banco Central.
O movimento foi descolado do exterior, onde a divisa norte-americana ganhou força diante dos temores de ação militar dos Estados Unidos na Síria.
O dólar caiu 0,86%, a 2,3480 na venda, após tocar, na mínima da sessão, em 2,3232 reais. O volume de negociação na BM&F ficou em 1,88 bilhão de dólares.
"O que parece é que o pessoal está se desfazendo de posições antes de acabar o mês", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora, Marcos Trabbold, para quem o dólar ainda tem espaço para cair "um pouco mais".
"Como o mercado já sabe tudo que vai acontecer em termos de atuações do Banco Central, o pessoal acaba voltando atrás em algumas apostas", emendou.
O BC continuou com sua estratégia de intervenções diárias no mercado de câmbio. Nesta manhã, foram vendidos todos os 10 mil contratos de swap cambial tradicional --equivalente a venda de dólares no mercado futuro-- com vencimento em 2 de dezembro de 2013. O volume financeiro da operação foi equivalente a 498,2 milhões de dólares.
No início da tarde, a autoridade monetária anunciou mais uma atuação para quinta-feira. O BC ofertará 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 2 de dezembro de 2013 entre as 9h30 e as 9h40. O resultado será conhecido a partir das 9h50.
Segundo o BC, o programa, que foi anunciado na semana passada com o potencial de 60 bilhões de dólares, tem o objetivo de "prover hedge cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado", por meio de swaps cambiais tradicionais e leilões de linha até, pelo menos, 31 de dezembro.
"O BC está administrando a volatilidade para evitar a alta o dólar e tentar controlar o mecanismo de transmissão do câmbio para a inflação. Essa vai ser a tônica até o fim do ano", afirmou o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho, para quem o nível de 2,40 reais tornou-se um teto para a divisa.
A expectativa é que o programa de intervenção diário realinhe os movimentos do real com o de moedas com perfil similar.
Entre o início deste mês e a última quinta-feira, quando o BC anunciou seu plano de intervenções, o dólar acumulava alta de 6,55% em relação ao real. A variação espelhava o fortalecimento da divisa dos EUA contra moedas de perfil semelhante à brasileira, mas era mais intensa: o dólar acumulava alta de 1,98% ante o dólar neozelandês, por exemplo, e avançava 2,81% em relação ao peso mexicano.
Nos pregões que se seguiram ao anúncio, no entanto, o movimento foi inverso. Entre sexta-feira e esta sessão, o dólar ganhou 0,45% ante o dólar neozelandês e 1,86% ante o peso mexicano, mas perdeu 3,45% em relação ao real.
Síria
Mais cedo, a moeda chegou a subir quase 1%, atingindo 2,3915 na máxima por tensões com a Síria. Enviados dos Estados Unidos e seus aliados disseram aos rebeldes que combatem o presidente sírio Bashar al-Assad que as potências ocidentais podem atacar a Síria em poucos dias, de acordo com fontes que participaram de um encontro com um grupo rebelde sírio em Istambul.
Na terça-feira, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, afirmou que o exército norte-americano está pronto para agir imediatamente caso o presidente Barack Obama ordene uma ação contra a Síria em resposta a um ataque com armas químicas.
"Acontece uma aversão ao risco devido à iminência de um ataque à Síria", afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.
A possibilidade de intervenção militar na Síria e as incertezas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos, por sua vez, trazem ingredientes adicionais de tensão no mercado de câmbio. O Federal Reserve, banco central norte-americano, pode começar a reduzir o programa de estímulos já no mês que vem.
Além disso, na sexta-feira, ocorre a formação da Ptax de agosto, utilizada como referência para diversos contratos, o que também pode ajudar a trazer alguma agitação no câmbio.
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