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São Paulo (Folhapress) – O mercado financeiro já trabalha com a hipótese de o dólar chegar a R$ 2,10 até o fim desta semana. Ontem a moeda norte-americana caiu 0,74% e encerrou a R$ 2,138, menor valor desde abril de 2001. Nada parece poder conter a valorização da moeda brasileira. A medida que promete isentar os investidores estrangeiros de pagar impostos na hora de aplicar em títulos públicos brasileiros tende a intensificar a entrada de dólares no país, movimento que apenas fortaleceria o real.

"O dólar só não vai a R$ 2,10 se aparecer neste momento um forte comprador de divisas. Mas o único comprador de dólares que existe hoje é o Banco Central. E as intervenções da autoridade monetária não têm surtido efeito sobre o câmbio", afirma José Roberto Carreira, diretor da corretora de câmbio Novação.

O dólar está em trajetória de queda mais consistente desde o último bimestre de 2005. De lá para cá, os mesmos motivos explicam a baixa da moeda, com destaque para os recordes de superávits na balança comercial e a forte especulação dos investidores em favor do real.

Os estrangeiros têm feito cada vez mais negócios para lucrar com as altas taxas de juros brasileiras. E se o real se valoriza diante do dólar, esses ganhos aumentam ainda mais. Uma forma de se medir o crescimento dessas operações é por meio das posições vendidas em dólar dos estrangeiros. Quanto maiores estão, indicam que se elevaram as apostas a favor da continuidade da apreciação do real.

Dados referentes à última segunda-feira mostram que as posições vendidas líquidas em dólar dos estrangeiros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) atingiram o patamar recorde de US$ 13,39 bilhões. No fim de 2005, essa cifra estava próxima dos US$ 9 bilhões. "O projeto do governo de isentar os estrangeiros é positivo por atrair capital de longo prazo. Mas isso acaba favorecendo a entrada de recursos externos", diz Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. "Assim, no curto prazo, a tendência é de dólar para baixo. A moeda está agora buscando os R$ 2,10", afirma o economista. O dólar registra desvalorização de 8,04% diante do real apenas neste ano.

O Banco Central comprou ontem cerca de US$ 215 milhões do mercado futuro (por meio de leilão de contratos de "swap cambial reverso") e outros aproximados US$ 100 milhões diretamente dos bancos.

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