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O dólar fechou em alta diante do real nesta sexta-feira, pelo segundo dia consecutivo e sem intervenção do Banco Central, acompanhando a tendência internacional de aversão aos ativos de risco que se seguiu ao surgimento de novas dificuldades para o fechamento de um acordo que permita à Grécia evitar o calote desordenado de sua dívida. A moeda norte-americana fechou em alta de 0,31 por cento, a 1,7266 real. Em relação a uma cesta de moedas, o dólar subia cerca de 0,70 por cento. "O mercado vem se movimentando ao sabor das notícias internacionais", disse gerente de câmbio do Banco Rendimento, Hélio Ozaki. Ele observou que, com as dificuldades políticas que surgiram nesta sexta-feira em relação à dívida grega, o euro se depreciou e arrastou consigo várias outras moedas pelo mundo. Os financiadores da Grécia pediram a aprovação de mais 325 milhões de euros em reduções de gastos até a próxima quarta-feira e um forte comprometimento de todos os partidos para implementar as reformas, antes de liberarem mais ajuda. O líder de um partido da extrema-direita na coalizão governista da Grécia disse que não poderia votar em favor do acordo e os integrantes do partido no governo ofereceram suas renúncias ao primeiro-ministro Lucas Papademos. Apesar de as preocupações dos investidores com esse cenário favorecerem a alta do dólar, Ozaki afirmou que a tendência continua sendo de queda da divisa norte-americana diante do real, devido ao grande fluxo de recursos externos para o Brasil. "O mês de janeiro mostrou bem o otimismo dos investidores em relação ao Brasil", afirmou o gerente, referindo ao fluxo cambial do mês passado. O Brasil registrou em janeiro o maior superávit cambial em quatro meses, de acordo com dados do BC, que apontaram também continuidade nos ingressos de recursos no início de fevereiro. Ozaki acrescentou que a perspectiva de queda dos juros poderia favorecer a valorização do dólar, na medida em que reduz a atratividade dos ativos brasileiros e, consequentemente, o ingresso de recursos no país. Ele ressalvou, porém, que essa redução dos juros também contribui para trazer investimentos em ações, por conta do cenário econômico mais favorável. O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou na semana passada que há espaço para mais afrouxamento da política monetária do país. Além disso, o BC também já deixou claro que busca uma Selic novamente a um dígito, conforme sugerem o relatório Focus e a curva futura de juros. Caso a tendência de queda do dólar volte a se concretizar com força, o BC pode voltar a intervir no mercado, como fez em três ocasiões desde a última sexta-feira, com dois leilões a termo e um à vista. "O BC é o fiel da balança", afirmou Ozaki. O mercado acredita que o "piso informal" tolerado pelo BC para a cotação da moeda norte-americana é 1,70 real por dólar.

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