O dólar fechou em queda ante o real nesta terça-feira (17), anulando os ganhos na última hora do pregão após chegar a subir mais de 1% pela manhã, em movimento que coincidiu com o aumento dos ganhos da Bovespa, com operadores citando entradas de estrangeiros na bolsa.

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A moeda norte-americana caiu 0,42%, a R$ 3,2310 na venda. Na máxima da sessão, atingiu R$ 3,2844, maior nível intradia desde 2 de maio de 2003, quando foi a R$ 3,305. Na mínima, alcançou R$ 3,2254 na venda. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão.

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O Ibovespa fechou com a maior alta desde janeiro, subindo 2,9%. Profissionais no mercado de renda variável ouvidos pela Reuters disseram não ter visto evento específico, relacionando o movimento a uma correção técnica, amparada principalmente no fluxo de capital externo.

“Você sempre vê esse movimento: o dólar sobe, a bolsa fica barata; entra estrangeiro, a bolsa sobe e o dólar passa a cair”, resumiu o superintentente de câmbio da corretora TOV, Reginaldo Siaca.

Apreensão

A recuperação do real no fim da sessão contrastou com a pressão sentida durante praticamente todo o dia. Segundo o operador de um importante banco nacional, o quadro de apreensão doméstico tem levado investidores a adotar a filosofia de “na ausência de notícias, compre dólares”.

Para ele, notícias positivas podem gerar alívios pontuais, mas será necessária uma mudança significativa no cenário político para reverter a atual trajetória de alta da moeda norte-americana. “Este é o novo normal: quando não acontece nada, o dólar sobe”, afirmou.

A principal preocupação dos investidores é com o impacto das turbulências políticas sobre o ajuste fiscal promovido pelo governo, que vem parecendo cada vez mais difícil. Nesse sentido, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, buscou na véspera apoio às medidas de reequilíbrio das contas públicas, mesmo diante da atividade econômica em contração e da inflação elevada.

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Analistas ressaltaram ainda que, mesmo no caso de um ajuste fiscal bem-sucedido, a percepção é que a economia brasileira precisa de um dólar forte para se recuperar. Autoridades do governo vêm dando sinais de que acreditam que as atuais cotações são mais próximas de um nível “justo”.

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Exterior e BC

Com o ajuste do fim do pregão, o real voltou a se alinhar com outros importantes mercados de câmbio, onde a divisa norte-americana perdeu força enquanto investidores aguardavam a decisão do Federal Reserve de quarta-feira (18). A expectativa é que o banco central dos EUA dê pistas mais claras sobre a esperada alta de juros.

Outro fator importante para explicar o comportamento da moeda aqui é a incerteza em relação à continuidade das atuações diárias do Banco Central brasileiro no mercado. O programa está marcado para durar pelo menos até o fim deste mês, mas o BC não deu sinais, até agora, de que pretende estendê-lo, mesmo com a acentuada volatilidade no câmbio.

A volatilidade implícita no mercado de opções operava nos maiores níveis desde setembro de 2014, ápice da instabilidade eleitoral no Brasil.

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Nesta tarde, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reafirmou que o governo não tem meta para a taxa de câmbio, mas que a decisão sobre o programa de swaps cambiais pertence ao BC. As declarações levaram o dólar a renovar as máximas do dia.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a uma posição vendida de US$ 97,7 milhões. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil para 1º de março de 2016.

A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 43% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.