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Um dia depois de a equipe econômica do governo Kirchner ter anunciado o envio ao Congresso de dois projetos de lei que têm como objetivo legalizar cerca de US$ 120 bilhões não declarados pelos argentinos, dentro e fora do país, o dólar paralelo bateu um novo recorde no mercado local, subindo 36 centavos em relação ao dia anterior e fechando em 10,40 pesos. Pela primeira vez, desde o fim da conversibilidade (a paridade entre o dólar e o peso), em janeiro de 2002, a diferença entre o dólar oficial (5,22 pesos) e o paralelo ultrapassou 100%.

As medidas comunicadas na véspera aumentaram o clima de nervosismo e provocaram um aumento da demanda de dólares no paralelo. De acordo com o jornal Ámbito Financeiro, operadores das chamadas cuevas (cavernas), as casas de câmbio ilegais que estão espalhadas por vários bairros portenhos, afirmaram que o pacote cambial não modificou em nada o panorama que se vive no mercado. Pelo contrário: ontem aparecem novos clientes em busca da moeda norte-americana.

A histórica diferença entre os dois mercados cambiais que existem na Argentina desde que a presidente Cristina Kirchner decidiu restringir drasticamente a compra de dólares preocupa economistas locais e, principalmente, importadores e exportadores, que operam com a cotação oficial. Segundo explicou o gerente de relações institucionais da Câmara de Importadores do país (CIRA), Miguel Ponce, "o problema é que operamos com o dólar oficial, mas vivemos num país que tem 25% de inflação e nossos custos aumentam no mesmo ritmo. Não podemos planificar investimentos no médio e longo prazo". "Já nos queixávamos quando a diferença entre as duas cotações era de 10%, com 100% estamos em graves problemas", enfatizou Ponce.

A Casa Rosada, porém, nega qualquer tipo de obstáculo para as empresas de comércio exterior. Na mesma coletiva em que anunciou o pacote cambial, o ministro da Economia, Hernán Lorenzino, afirmou que este ano o país terá um superávit comercial em torno de US$ 13 bilhões, superando os US$ 12 bilhões do ano passado.

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